TecBan; RBR; ATMs

Dominic Hirsch, diretor executivo da RBR, em sua apresentação

O número de ATMs no Brasil vem caindo desde 2014. E a partir de 2018, com o crescimento dos pagamentos eletrônicos, os caixas estão sendo substituídos por máquinas mais sofisticadas, com mais funcionalidades (como saque com QR Code, depósito em dinheiro etc). No fim de 2020, havia 152.026 mil caixas eletrônicos no País, um declínio de 3% na comparação com 2019. Os dados são de um estudo elaborado pela RBR, empresa de pesquisa e consultoria em meios de pagamento e automação bancária do Reino Unido, para a TecBan. De acordo com a consultoria serão 148,8 mil ATMs até o fim de 2026.

A queda é uma tendência em alguns países, como Índia e China. No entanto, não é mundial. Japão, Tailândia, Indonésia e Egito, por exemplo, apontam crescimento dos caixas eletrônicos. Segundo a RBR, apesar de as remessas globais de equipamentos de autoatendimento terem caído 14% em 2020, a previsão é de uma recuperação gradual com o controle da pandemia.

Dominic Hirsch, diretor executivo da RBR, apontou para o fenômeno de “deserto de caixas” – que aconteceu no Reino Unido nos últimos anos – e fez o governo começar a tomar medidas para minimizar essa situação. Para isso, estão atuando para a melhoria do acesso ao dinheiro em espécie e para uma maior aceitação da moeda.

“Milhares de caixas nos últimos dois ou três anos sumiram. E durante a pandemia os varejistas passaram a rejeitar o dinheiro e priorizavam meios de pagamentos eletrônicos e cartões. Talvez isso mude depois da pandemia, mas o governo britânico deve encorajar os varejistas a voltarem aceitar o dinheiro”, explica.

Para isso, o governo tomou algumas medidas. Entre elas, a possibilidade de saque entre os varejistas, medida de open banking que em breve estará disponível também no Brasil com o Pix Saque e o Pix Troco. Porém, a opção naquele país existia antes, mas o que os britânicos chamam de cashback só era possível mediante alguma compra com o lojista. Atualmente, a medida já aprovada pelo governo britânico permite que o cliente saque dinheiro no varejista sem a necessidade de comprar algo.

Há também outras ações ainda não aprovadas, como o acesso ao dinheiro por meio das agências dos Correios e acesso a caixas eletrônicos de múltiplas instituições financeiras. A medida, segundo os executivos da RBR, se dá para que o Reino Unido não se torne a Suécia, país que reduziu drasticamente a circulação do papel moeda, mas que precisou reverter a situação e proporcionar maior acesso ao dinheiro para a população, uma vez que 15% das pessoas moram a mais de 25 Km de distância de um ATM.

Hirsch acredita que o Brasil terá os mesmos problemas que Suécia e Reino Unido se não ficar atento para a queda do número de agências bancárias e de caixas eletrônicos. “Os pagamentos digitais pressionam fortemente essa queda. Seria importante ter uma legislação para proteger o dinheiro”, diz.

TecBan

Apesar de a rede de ATMs estar em queda, o volume de dinheiro sacado nos caixas do Banco24Horas nos primeiros seis meses de 2021 atingiu a marca de R$ 185 bilhões, o que representa um aumento de quase 5% comparado ao volume atingido no mesmo período de 2020, reportou a empresa nesta terça-feira.