Bahia

Em três anos, o governo da Bahia contabiliza 216 criminosos presos graças ao uso da tecnologia de reconhecimento facial em câmeras instaladas em locais públicos. São cerca de 100 câmeras espalhadas por Salvador e conectadas ao sistema. O projeto, que inclui também a leitura de placas de carros, será expandido para mais 39 cidades baianas ainda este ano, como parte de um novo contrato orçado em R$ 665 milhões, pelo qual o consórcio vencedor da licitação, formado por Oi e Avantia, fornecerá a solução como um serviço ao longo de 60 meses.

As imagens captadas pelas câmeras são analisadas por um software de reconhecimento facial que realiza a verificação junto ao banco nacional de mandados de prisão em aberto, composto por cerca de 3 mil pessoas. Nem sempre há fotos associadas aos nomes dos foragidos, o que obriga a polícia baiana a pesquisar em seus arquivos de identificação civil. “Aprendemos que a qualidade da base de dados é fundamental para que não haja equívocos”, comenta coronel Marcos Oliveira, superintendente de tecnologia da Secretaria de Segurança Pública do estado, em conversa com Mobile Time. 

Uma equipe formada por cinco policiais acompanha as câmeras dentro do Centro de Operações de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Quando o sistema encontra alguém na rua cujo rosto tem 90% ou mais de probabilidade de ser uma das pessoas com mandado de prisão em aberto, a equipe é alertada para avaliar a situação. Se concordarem com a análise do sistema, entram em contato com algum policial próximo ao suspeito para que seja feita uma abordagem de verificação. “A decisão final não é do sistema, e sim dos policiais. Fazemos uma abordagem com cautela. Alertamos sobre a periculosidade do indivíduo”, ressalta.

O sistema também é usado na busca por pessoas desaparecidas. Cerca de 10 já foram encontradas graças à tecnologia. “Houve o caso de uma criança que desapareceu depois de sair da escola. Pelas câmeras ela foi encontrada em uma estação do metrô com o irmão mais velho”, relata o coronel Oliveira.

“Tem gente que critica sem conhecer o nosso método de trabalho. Acham que estamos invadindo a intimidade e a privacidade das pessoas, mas seguimos os padrões da LGPD. E estamos sempre escutando as pessoas”, argumenta.

Câmeras nos uniformes

O governo baiano tem planos de montar uma rede móvel privativa para a comunicação de agentes de segurança nas ruas, usando 4G em uma frequência exclusiva na faixa de 700 MHz. A rede servirá também para transmitir imagens de câmeras a serem instaladas nos uniformes dos policiais. A possibilidade de integração entre esse sistema e o de reconhecimento facial está sendo avaliada. A expectativa é de se fazer uma licitação para a construção dessa rede ainda este ano. O coronel reconhece que será preciso vencer a resistência de parte dos policiais em usar as câmeras acopladas aos uniformes. “Essa resistência será vencida com o tempo”, prevê.

Mobi-ID

Os desafios e as oportunidades para o uso de tecnologias de biometria digital em aplicações de identificação e autenticação de pessoas por entidades públicas e empresas privadas serão debatidos na 4ª edição do Mobi-ID (www.mobi-id.com.br), evento online organizado por Mobile Time no dia 18 de novembro. Confira a programação atualizada e mais informações em www.mobi-id.com.br