Te Levo Mobile

Sergio Brito, empreendedor que desenvolveu a Te Levo Mobile em Araxá/MG. Foto: divulgação

Te Levo (Android, iOS) é um aplicativo de transporte de passageiros da cidade de Araxá/MG. Iniciou suas operações em janeiro deste ano pelas mãos de um ex-morador de rua e chef de cozinha, Sérgio Brito. Até agora (de 15 de janeiro a 10 de junho), faturou R$ 129.896 – já com a porcentagem do motorista descontada –, sendo que os 10 primeiros dias de junho já chegou a todo o faturamento de maio (R$ 40 mil). O app faz, em média, 500 corridas por dia e possui 80 motoristas rodando na região. E 300 estão na fila de espera.

Brito optou por desenvolver uma plataforma voltada para beneficiar motoristas sem deixar de lado os passageiros. Para isso, cobra uma porcentagem fixa por corrida de 12% – bem abaixo das concorrentes. Outro diferencial é a oferta de um lanche da tarde em um espaço onde os motoristas podem parar e descansar. E é o próprio chef/dono quem prepara.

Mas a Te Levo Mobile tem outras características que a diferenciam das grandes plataformas. A empresa vende espaço publicitário tanto na área externa quanto na interna dos automóveis. Esses espaços se transformam em benefícios para os motoristas e em muitos casos são oferecidos descontos para os passageiros. Por exemplo, Brito vendeu espaço publicitário por um ano para a Click Telecom, ISP da região. Seu banner estará em um dos espaços no descanso de cabeça, bem em frente ao passageiro. E, em compensação, os motoristas da plataforma terão plano de dados de Internet de 600 GB pelo mesmo período.

“Sou ex-morador de rua acostumado a fazer tudo sozinho E foi assim que fiz. Pesquisei durante cinco meses e analisei o meu mercado. Trocava ideias com a minha companheira, mas foi tudo criado por mim”, explica Brito, que encontrou na desenvolvedora de aplicativos de transporte e logística Machine a parceira para tirar do papel o aplicativo.

Brito também correu atrás de outros benefícios para o motorista e fechou parceria com uma empresa que oferta plano de saúde para a categoria com desconto. Há ainda um carro de apoio – conduzido pelo próprio Brito – que, caso um motorista quebre ou tenha algum problema, vai ao seu socorro e completa a viagem, caso tenha um passageiro com ele.

Outra parceria-chave desenhada pelo empreendedor foi com postos de combustível. O motorista pode ter um desconto de R$ 0,20 por litro de redução de custo. Vale dizer que, em Araxá, a média do litro está a R$ 7,40. Importante dizer que, se um profissional de uma cidade grande é capaz de deixar um passageiro e imediatamente pegar outro, em uma cidade pequena, o motorista pode percorrer longas distâncias entre um passageiro e outro, o que o faz gastar mais combustível.

Os motoristas do Te Levo também encontram parceiros de mecânicas que oferecem descontos para diferentes serviços.

Franquia

O sucesso em Araxá foi tão rápido que Brito esperava começar a fazer uma expansão do seu negócio em novembro, apenas. Sua ideia era crescer na cidade onde mora e desenvolver um projeto de franquias para seguir para municípios com até 300 mil habitantes.

Porém, as negociações começaram antes do previsto e a Te Levo já tem parceiros em Caldas Novas/GO e Bom Despacho/MG, ambas com início das operações em breve, Patrocínio/MG e Franca/SP, cidade onde Brito fez seu curso de gastronomia e, mais adiante, em Ituverava/SP, Miguelópolis/SP, onde a família do empreendedor mora, e em Sacramento/MG, cidade vizinha de Araxá.

Te Levo Mobile

Tela das opções de corrida. Imagem: reprodução/Te Levo Mobile

“Quando abri a Te Levo e deu certo, pensei em expandir para todo o Brasil em novembro e replicar essa experiência. Mas precisei encurtar o tempo. Empresários de Patrocínio e Franca me procuraram para acelerarmos a franquia nessas cidades. Hoje, vendemos duas franquias e estamos em negociação com mais 14 empresários”, resume Brito. “E a estratégia é entrar nessas cidades de até 300 mil habitantes porque é a experiência que tenho”, explica.

Os benefícios são um incentivo aos motoristas fazerem mais corridas com o app da Te Levo. Assim, se um motorista faz o mínimo de 10 viagens por dia, ele continua recebendo o benefício – por exemplo o de plano de dados de Internet. “Com isso, eles têm o benefício, a plataforma tem menos cancelamento de corrida e o cliente é atendido. No fim, eles acabam fazendo muito mais”, garante o executivo.

Segundo Brito, o motorista que ganha menos na plataforma recebe em torno de R$ 6,5 mil.

Como funciona

Depois de baixar o aplicativo, o usuário deve escolher o tipo de viagem que pode ser: pet (para transporte de animais domésticos), comum, com pagamento com cartão de crédito (com máquina do motorista), Mulher, com motoristas mulheres, e encomendas (delivery). A corrida normalmente é paga em dinheiro.

O motorista deve colocar dinheiro (mínimo de R$ 10) em uma carteira digital dentro do app. Com esse dinheiro, ele pode começar a trabalhar. A cada corrida, a plataforma da Te Levo desconta a taxa de 12% fixa. Caso acabe o dinheiro, ele deve recarregar para continuar aceitando corridas.

Ou seja, se um motorista faz uma corrida de R$ 12, a Te Levo desconta da wallet R$ 1,44. E, com R$ 50, o profissional consegue fazer 34 corridas do mesmo valor, ganhando um total de R$ 369,6 no fim (com a porcentagem de 12% da plataforma já descontada).

A história do empresário

Aos 18 anos, Sérgio Brito resolveu sair de casa para tentar a sorte. Encontrou emprego em uma plantação de café em Itamogi/MG, cidade com 10 mil habitantes. Mas, com o fim da colheita, foi dispensado e acabou perdendo tudo. Foi parar nas ruas. Foram três anos sobrevivendo dessa maneira até que seus pais o reencontraram e o levaram de volta para Miguelópolis. Foi nesse período que começou a estudar. Conseguiu uma bolsa de estudos em um colégio e logo depois se formou em gastronomia. Encontrou trabalho em um hotel na cidade mineira de Araxá, mas, em março, no início da pandemia de Covid-19, os funcionários foram dispensados. Mais uma vez, Brito se viu sem emprego. No entanto, dessa vez, conseguiu se virar como motorista de aplicativo.

Em seu primeiro dia de trabalho, ganhou R$ 500 e chegou a tirar R$ 12 mil. Foi nesse momento em que estudou o mercado de aplicativos de transporte e viveu as altas taxas cobradas pelas plataformas. Pouco depois, resolveu fazer o seu próprio app e assim nasceu o Te Levo Mobile.