A diretora de assuntos regulatórios e institucionais do Grupo UOL|Pagbank, Carol Conway, defendeu a criação de um fórum estratégico para avançar com soluções e políticas para aumentar a inclusão financeira no Brasil. Durante o Painel Telebrasil Innovation 2023, organizado pela Conexis na última quarta-feira, 14, a executiva defendeu que esse grupo de discussão precisa ser amplo com reguladores e sociedade civil.

“Precisamos, nesse momento, pensar sobre um fórum estratégico. Algo para pensar em cinco ou dez medidas (de inclusão digital) para os próximos anos. Algo como interagências e com instituições, como Anatel, Banco Central, Cade, BNDES, Conexis, Abranet, além de jornalistas que podem colaborar com perguntas e provocações”, disse Conway. “Imagino uma reunião bimestral, mensal, algo para endereçar problemas como falta de conectividade (para que a população tenha acesso à economia digital)”, completou.

A diretora da companhia financeira acredita que o apoio do regulador permitirá dialogar com “mais calma sobre o que pode ser estratégico para o País” e ajude as empresas “porque estamos falando também em formas de estimular a economia”, concluiu.

Para Jailson de Souza e Silva, fundador do Observatório de Favelas e assessor da Presidência do BNDES, as discussões devem envolver a população. No seu entender, a falta de acesso a tecnologia e a crédito de qualidade precisa ser compreendida por todo o ecossistema, inclusive as grandes companhias.

“As empresas precisam entender que se incluirmos cerca de 80 milhões de pessoas, que hoje estão colocadas à margem de tecnologia de qualidade, crédito de qualidade, isso será bom para o negócio”, disse. “Ou seja, é uma provocação de como podemos criar mecanismos integrados com governo, operadores de mercado e setores periféricos (empreendedores) para que possamos desenvolver soluções que incorporem milhões de pessoas na economia formal”, completou Souza e Silva.

Silos e interoperabilidade

Das esq. para dir: Carol Conway, PagBank; Jailson Souza e Silva, BNDES; Leandro Coelho, Vivo (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Os executivos também foram questionados sobre como abrir o setor pode colaborar na prática para mais troca de informações entre os players do mercado, de forma que acelere a inclusão financeira e digital. Leandro Coelho, diretor da Vivo Fintech, acredita que o open finance é um começo para o setor avançar e ter a compreensão total do cliente, como suas necessidades e dar a melhor opção de produto a qualquer consumidor.

Para Conway, a questão dos silos e da troca de informação sempre foi uma pauta do BC e está em discussão no setor. A executiva compara o tema com as discussões de interoperabilidade em telecom, pois têm temáticas similares como interconexão e o unbundling: “É nesse momento que nos encontramos hoje. O BC tem ressalvas de interoperabilidade no mundo dos cartões. Ou seja, nós (instituições financeiras) temos determinados produtos que precisam ser escalados para entrar no open finance. Mas acredito que o objetivo das carteiras – pelo menos no PagBank – é que a interoperabilidade seja plena o quanto antes”, finalizou.