O vice-presidente de produtos emergentes da Visa para América Latina, Fernando Mendez, conversou com MOBILE TIME sobre a chegada da Apple Pay e as consequências para o mercado mundial de pagamentos móveis. Ele acha que o jogo ainda está aberto para as teles e que o cartão de plástico não vai desaparecer tão cedo, porque ainda falta infraestrutura compatível para NFC na maior parte do mundo.

MOBILE TIME – Qual é a participação da Visa no Apple Pay?

Fernando Mendez – Nossa área de influência (no Apple Pay) está na tokenização. Nós entregamos um novo número de conta que é armazenado no elemento seguro do telefone. Esse número fica restrito a fazer transações apenas com esse aparelho. Verificamos a cada transação se ela está sendo feita pelo aparelho específico. Se alguém roubar esse número de conta, não conseguirá usar em nenhum outro aparelho ou transação de comércio eletrônico. Esse serviço de tokenização da Visa será habilitado para portadores de cartões de outros países no ano que vem.  E não servirá apenas para a Apple, mas para todos os bancos e outros clientes, ajudando a habilitar novos parceiros nesse ecossistema. Poderá ser levada para além do telefone celular. Pode ser adotado por estabelecimentos comerciais para que o número fique armazenado para transações futuras. O consumidor registra seu número de cartão e a loja solicita um token para a Visa. Desta forma, o estabelecimento comercial armazena apenas o token. Caso haja roubo de informações, esses tokens estariam restritos a serem usados nesse serviço.

Empresas de segurança já demonstraram como é fácil fraudar a leitura de digital do TouchID, presente no iPhone. Não é arriscado lançar um serviço de pagamento com esse sistema de autenticação?

A digital na Apple Pay equivale à assinatura no cartão com tarja. E o pagamento no mundo físico com NFC terá certos limites. No Brasil, transações acima de R$ 50 vão requerer senha de qualquer forma. Para uma fraude, o bandido teria que roubar o telefone, conhecer a senha e o cliente não poderia ter reportado o roubo. E temos as ferramentas de análise de risco da Visa. O cartão sempre tem um diálogo com a máquina no ponto de venda. Há troca de informações em que o emissor pode exigir assinatura ou senha.

As novas soluções de pagamento móvel por NFC estão adotando o elemento seguro fora do SIMcard. No Apple Pay, o elemento seguro está no telefone. No HCE, do Android, está na nuvem. Isso significa que as teles vão ficar de fora desse jogo?

O ecossistema está aberto para todos participarem. Não acho que esteja fechado para um jogador ou outro. O que estamos fazendo é habilitar diferentes alternativas. O HCE é um caminho, o elemento seguro no aparelho é outro caminho… As operadoras telefônicas podem participar dependendo dos acordos comerciais e das diferentes parcerias a serem criadas. Veremos todos os tipos de combinações nos próximos anos. Será um ecossistema heterogêneo. O ponto fundamental é simplificar a vida do portador, garantir a segurança e a interoperabilidade.

O cartão de plástico vai desaparecer?

Estamos muito longe disso, até por uma questão de infraestrutura. O Brasil, com 1,3 milhão de máquinas de POS habilitadas para NFC, é um cenário fora do comum. Mas há outros mercados onde isso ainda está começando. Além disso, há clientes que preferem pagar de um jeito ou de outro.

 

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