Um projeto de exposição de arte mobile chamado "Follow de Queen" recebeu aprovação do Ministério da Cultura para captar até R$ 196 mil pela Lei Rouanet. "Essa aprovação demonstra como é possível hoje contextualizar uma boa ideia pelo celular", orgulha-se Samantha Carvalho, criadora do projeto e sócia da agência gaúcha de publicida móvel Queen Mob.

Com a captação, Samantha poderá realizar a segunda edição do referido projeto. Anteriormente, em 2010, depois da recusa de patrocínio de várias empresas, ela investiu R$ 20 mil do próprio bolso para realizar a primeira edição da "Follow the Queen". A exposição contou com a participação de dez artistas convidados que criaram obras em telas no formato do visor do iPhone. As obras foram todas digitalizadas e armazenadas em um aplicativo, em que os usuários precisavam encontrar o desenho escondido de uma rainha (símbolo da agência Queem Mobi)  para passar para o trabalho do artista seguinte. "Era uma brincadeira com a arte", diz a idealizadora.

O projeto, entretanto, não se restringiu ao ambiente virtual. Paralelamente, houve oito exposições nas cidades de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em que o público tinha acesso a kits com um cartaz em branco em que o espectador era incentivado a fazer o seu próprio desenho e incluir a figura da rainha (estampada em um adesivo). O cartaz deveria ser enviava para a curadoria que, tempos depois, retribuía com a produção de outro participante. "Foi o modo que encontramos para manter a brincadeira no ambiente físico. Muitas pessoas que participaram só descobriram o aplicativo depois", conta.

O aplicativo Follow the Queen foi um sucesso, com 30 mil downloads em 27 países. E o êxito não foi somente com o público, formado majoritariamente por crianças e profissionais das áreas de publicidade e design. O app foi premiado, no mesmo ano, pela Mobile Marketing Association, de Los Angeles. "Conseguimos juntar, em uma mesma ação, elementos tradicionais de uma exposição de arte com elementos novos, ligados à tecnologia mobile. Acho que foi a primeira vez, no Brasil, que se tratou de arte em um ambiente como esse", arrisca Samantha.

Com a aprovação da Lei Rouanet, a criadora do Follow the Queen pretende iniciar a captação de recursos a partir da próxima semana. Se, em 2010, não conseguiu contribuição de empresas porque elas ainda eram resistentes a projetos de mobilidade, ela acredita que agora será diferente: "A Lei Rouanet facilita muito a captação de recursos".  A ideia é integrar as marcas que se juntarem à iniciativa. "Haverá um espaço para as marcas nas brincadeiras, e não como banner", explica.

O projeto que deu certo em 2010 será mantido, ganhando melhorias. Entre elas, destaca-se a ferramenta de geolocalização que indicará espaços de arte urbana. "A arte urbana é muito rica, mas muitas vezes não sabemos onde ela está. Queremos registrar isso no app de forma colaborativa". A curadoria da segunda edição também será nova, assim como os artistas convidados. A expectativa é superar o número de downloads da edição passada: "O ideal é crescer sempre", afirma com entusiasmo.