A entrada da Internet das Coisas (IoT) nas empresas e na sociedade é vista em seu momento exponencial no Brasil. No entanto, especialistas começam a divergir sobre o papel que os provedores de rede e suas soluções terão neste segmento. Enquanto alguns pedem por menos regulamentação e mudança nos tributos,  outros, como José Almeida, diretor de ecossistema da WND, têm uma visão diferente.

“Dentro do arcabouço regulatório de hoje, nós conseguimos montar uma rede e ter clientes. Dá para melhorar a regulação? Sim. Mas ser relevante na IoT é apenas uma questão de encontrar mercado. Nós definimos a nossa rede com pequenos dados, conectividade, não queremos tirar foto de satélite ou pilotar drone”, disse Almeida. “A questão não é regular, é tirar alguns entraves regulatórios, tributário (ISS, ICMS) e garantir que tenha mercado e competição. É um mercado que mais gente vai correr atrás”.

Com outro ponto de vista, Eduardo Santini, diretor da KPMG, enfatizou que o arcabouço regulatório e os tributos (ISS, ICMS e Fistel) atrapalham o desenvolvimento da IoT pelas operadoras e pediu mudanças. Apoiador da ideia de Santini, o diretor de produtos e tecnologia da Ericsson, Paulo Bernardocki, defendeu também como mudança na regulação o fim da neutralidade de rede, para avançar com outros modelos de negócios. Além disso, ele acredita que as operadoras tradicionais são as únicas com “DNA próprio” para a IoT por terem trabalhado anos com tecnologia móvel.

A visão de Bernardocki e do diretor da KPMG foi contraposta pelo executivo da provedora WND: “O mercado de IoT tem um risco muito grande de mapear a solução de IoT como se fosse celular. Não dá para modelar tudo como era. Esse mercado requer adaptações no modelo de negócios. E o nosso modelo é mais adequado, hoje”.

Aplicações

No meio do debate que ocorreu no Futurecom 2018 nesta terça-feira, 16, Gregory Riordan, diretor regional em soluções de precisão e telemática da CNH Industrial, disse que há problemas que precisam ser corrigidos o quanto antes, como a falta de conectividade no campo.

“Temos tecnologia para resolver a IoT. Mas o problema é que o produtor não tem acesso às tecnologias”, disse Riordan. “O campo tem falta de conectividade. Eu concordo que existem soluções. Na prática, nós temos 0,8% com 4G e 17% com 2G ou 3G no agro brasileiro. Para cada dez produtores, oito não têm conectividade”.

Guilherme Corrêa, analista de infraestrutura do MCTIC, frisou a necessidade de “diversificar” o segmento de redes em Internet das Coisas. Ele deu como exemplo a rede SLP de 250 MHz que o Grupo São Martinho montou em sua principal fazenda de corte de cana, a Martinho.