StopClub

Imagem meramente ilustrativa do app StopClub. Crédito: divulgação

A StopClub (Android, iOS) nasceu em 2017 com o intuito de melhorar a vida da comunidade gig workers – entregadores e motoristas de aplicativos de transporte. Há quatro meses, a empresa pivotou o seu negócio e, atualmente, oferece um aplicativo que presta serviços de comunicação e segurança. Esses profissionais podem se comunicar e trocar ideias, compartilhar a localização uns com os outros e são capazes de ver no radar seus amigos. Ao clicar em um deles, é possível mandar uma mensagem de voz, no estilo walkie talkie. A startup possui 60 mil usuários ativos espalhados por 670 cidades brasileiras e vem crescendo mais de 100% mês a mês nesses quatro meses. Em novembro, o número de conexões dentro do app – como aceitação de amizade, envio de áudio, ingressos em sala de aula – foi três vezes maior do que os outros meses somados.

A aplicação está disponível gratuitamente e a ideia é montar uma base de usuários robusta para entender as necessidades dessas pessoas, oferecendo produtos e serviços adequados à comunidade.

“A gente quer crescer como um app capaz de reunir toda a comunidade gig. Não somos uma rede social de amigos, mas uma ferramenta de trabalho que passa por uma rede para conectar pessoas”, resume Luiz Gustavo Neves, cofundador da startup, em conversa com Mobile Time.

“Queremos oferecer produtos e serviços. Mas não estamos pensando em monetizar agora. Até temos uma parceria já assinada com uma empresa de seguro saúde e eles nos remunerariam com um mês de mensalidade. Eles não entenderam nada, mas a gente pediu que essa nossa remuneração revertesse para os nossos usuários com mais um mês de graça na mensalidade para eles”, conta.

Como funciona

StopClub

É possível montar grupos no app. Crédito: divulgação

No StopClub é possível montar grandes grupos para que um ajude na segurança do outro, fazendo um monitoramento com geolocalização e dando dicas por meio de áudios. Se alguém entra em uma região perigosa, por exemplo, um motorista amigo pode alertá-lo. E, se alguém está inseguro com uma determinada corrida, esse profissional pode pedir para que os colegas o monitorem ao longo do percurso.

Outra funcionalidade no app é um botão que aciona a câmera frontal do celular do motorista de forma discreta. A ferramenta grava a corrida, com alguns cortes para que o vídeo não fique muito longo. Tudo fica armazenado no celular do profissional, nada vai para nuvem. “Isso garante que o motorista tenha uma contraprova de uma ocorrência. Tem muito profissional que sofre assédio, racismo”, conta o cofundador da startup.

Existe ainda a funcionalidade de abrir apenas o microfone do smartphone e mantê-lo aberto para gravar a corrida.

Sobre a concorrência

“O WhatsApp é até usado por eles, mas é um feed que vai embora. Se alguém pede ajuda e o motorista amigo não viu assim que foi enviado, isso se perde”, conta.

Existem algumas ferramentas de segurança nos aplicativos de transporte. Mas Luiz defende a sua, alegando que ela une os motoristas, algo que as plataformas não querem. E nenhuma solução deles promove essa conexão entre os trabalhadores. O executivo lembrou também que o que é gravado no veículo durante uma corrida da 99, por exemplo, vai para os servidores da empresa e não fica com o motorista, o que pode ser burocrático na hora de se conseguir uma contraprova de uma ocorrência.

“Existe um problema fundamental entre as plataformas e os gig workers: a total falta de confiança. Os motoristas e entregadores não gostam e não confiam nas plataformas”, afirma. “E tem uma linha tênue de onde eles podem ir sem ferir as leis trabalhistas. A gente entrou nesse vácuo da relação”, explica Neves.

Planos para o futuro

StopClubFuturamente, a ideia é que a StopClub tenha tudo aquilo que motoristas, taxistas e entregadores precisam. Inclusive uma solução de gestão financeira. “A ideia é ter em um só lugar o controle financeiro de suas corridas. Nas nossas pesquisas, vimos que motoristas que ganham mais são mais organizados financeiramente”, diz.

A ferramenta permitirá o controle financeiro desse profissional e, em um momento mais adiante, pode se tornar uma carteira digital.

Em breve, a empresa deve lançar o plano de saúde para seus usuários.

A equipe também deve crescer com mais três colaboradores nos próximos meses. Ao todo, 15 profissionais trabalham na StopClub, sendo quatro sócios.

Como começou e as mudanças

Para estruturar a empresa em 2017, os dois primeiros sócios e idealizadores da proposta, moradores do Rio de janeiro, fizeram uma pesquisa com cerca de 100 motoristas – pediam corridas e se apresentavam como empreendedores que queriam ajudar a comunidade – e fizeram uma série de descobertas que os levaram a criar uma empresa que oferecia um espaço para esses profissionais descansarem, comerem, carregarem seus celulares, irem ao banheiro e lavarem o carro.

“Foi um período de conhecimento e descobrimos muita coisa. Tem a parte mais óbvia de que motorista tem dificuldade de parar o carro e não tomar uma multa, dificuldade de ir ao banheiro, de comer. A gente não podia imaginar que o motorista se sente muito solitário e incrivelmente inseguro no dia a dia de trabalho”, explica o cofundador do StopClub.

Neste momento, a empresa alugava espaços em estacionamentos ociosos e montava uma espécie de one stop shop para o profissional de aplicativos.

“A gente lavou muito carro e serviu muita comida. Essa etapa da empresa foi uma oportunidade boa para descobrir várias coisas. Nesse momento, a empresa recebeu mais dois sócios, ambos da área de TI.

Em dezembro de 2017, o StopClub recebeu aporte da Canary para desenvolver esse modelo de negócios, que foi escalonado e tracionado em 2018. Mas, em um determinado momento, os sócios viram que não seria possível crescer na velocidade desejada. E pivotaram o negócio.

“Paramos de alugar os espaços e montar a estrutura para a gente credenciar espaços já prontos para receber os motoristas e cobrávamos uma taxa para o uso. Era um plano de assinatura. Captamos com a Redpoint para explorar esse modelo. Eram mais de dez lugares estruturados para atender os motoristas no Rio”, explica.

Esse modelo foi lançado em 2019, mas, em março de 2020, tudo fechou com a pandemia de Covid-19. E, novamente, os quatro mudaram tudo.

“Tivemos que reestruturar a empresa toda. Mas foi uma oportunidade para repensar o negócio. “No fim das contas, a gente queria era juntar essa comunidade. Endereçamos o problema da solidão e da segurança, focando na tecnologia”, conta.