O aplicativo brasileiro Whitebook (Android, iOS), que reúne diversas ferramentas digitais para médicos, registrou um crescimento de mais de 30% em sua base de assinantes no ano passado, superando a marca de 100 mil. Para ser exato, agora o app conta com 108 mil assinantes de um total de 160 mil usuários ativos mensais (MAUs, na sigla em inglês) e acumula mais de 500 mil downloads.

O Whitebook traz ferramentas como bulário, classificação de doenças, calculadoras, modelos de prescrições, procedimentos do SUS, condutas pediátricas, condutas cirúrgicas, dentre outras, alcançando 30 especialidades médicas. Todo o conteúdo é produzido por uma equipe de médicos especialistas.

“É um app que auxilia o médico na tomada de decisão clínica. Não é uma ferramenta educacional, mas de apoio à decisão clínica. Antes o médico precisava consultar na Internet ou em um livro de bolso (quando tinha alguma dúvida)”, explica, em conversa com Mobile Time, o Dr. Bruno Lagoeiro, cofundador da PEBMED, empresa que desenvolveu o Whitebook. “É uma ferramenta muito útil para o médico com até 10 anos de formado, que é aquele mais exposto a cenários adversos e que ainda está construindo segurança para tomar suas decisões. Mas temos gente em todas as faixas etárias, desde alunos no primeiro ano da faculdade de medicina até médico com 40 anos de carreira”, relata Lagoeiro.

A empresa estima que mais de 30 milhões de pacientes já foram impactados pelo Whitebook, por conta da sua utilização durante consultas. Com 160 mil MAUs, o Whitebook alcança uma parcela significativa da classe médica nacional: o País tem mais de 500 mil médicos e 150 mil estudantes de medicina.

Parte das funcionalidades do app estão disponíveis de graça, seguindo o modelo de negócios conhecido como “freemium”. Para ter acesso a todos os recursos é preciso pagar uma mensalidade de R$ 49,90. De acordo com levantamento da App Annie, o Whitebook está entre os dez apps que mais geraram receita na App Store e na Google Play no Brasil em 2020, figurando entre gigantes como Globoplay, Tinder, Netflix e HBO Go, por exemplo. A ferramenta voltada para médicos também estava entre os apps brasileiros de maior receita em 2018.

História

A PEBMED foi fundada por três estudantes de medicina da UFF em 2012. PEBMED traz as iniciais dos nomes deles: Pedro, Eduardo e Bruno. Inicialmente, eles desenvolveram vários apps separadamente, todos voltados para profissionais da saúde.

“Chegamos a ter 25 apps. Sempre que surgia uma ideia a gente fazia, trabalhando em nossas horas vagas. Mas não havia qualquer metodologia de desenvolvimento de produto. Alguns davam certo, outros patinavam e alguns nem de graça as pessoas queriam”, relembra Lagoeiro.

Em 2015, ao terminarem a residência médica, os três fundadores decidiram tirar um ano sabático para se dedicar aos negócios da PEBMED. Entraram para uma aceleradora de startups no Rio de Janeiro e resolveram fundir o que havia de melhor em seus apps num só. Assim nasceu o Whitebook. O sucesso nos negócios fez com que os três sócios, pouco a pouco, abandonassem o exercício da medicina para se dedicar plenamente à empresa.

Em 2019, lançaram o Nursebook (Android, iOS), voltado para enfermeiros, que tem hoje 10 mil usuários ativos por mês e também segue o modelo freemium, com mensalidade de R$ 29,90.

Um capítulo importante na história da PEBMED foi a aquisição de 100% da empresa em julho do ano passado pela Afya pelo valor líquido de R$ 132,9 milhões.

Lagoeiro segue como executivo da companhia. Questionado se sente saudade de voltar a exercer a medicina, ele responde: ”Sinto saudade do relacionamento com o paciente, de ajudar a pessoa. Mas não sinto saudade das longas horas de privação de sono e dos plantões noturnos. E, de certa maneira, me sinto realizado como médico através dos milhares de médicos que usam o Whitebook diariamente”.