[Matéria atualizada em 27/05/2024, às 17h45, para corrigir a última versão do Android] Um grande banco brasileiro decidiu expandir sua atuação no País atraindo lojistas para serem correspondentes bancários. A estratégia parecia perfeita para atrair mais clientes de pequenas cidades até que a solução foi lançada e, na prática, as coisas não saíram como previsto. Os celulares dos clientes travavam o tempo todo e havia dificuldade de acesso ao app. O motivo? Havia uma grande variedade de sistemas operacionais nos dispositivos – em especial aqueles mais antigos – e o app não rodava como previsto porque não foi pensado para rodar em OSs mais velhos.

Para resolver esse tipo de problema, a Sofist adota o conceito de Old First. Diferente do Mobile First, que procura adaptar uma página na Internet a diferentes formatos de tela e processadores dos celulares – o Old First quer abraçar o maior número de sistemas operacionais possível, de modo que o aplicativo funcione desde em um Android ou iOS mais antigos até nos mais modernos (no caso, Android 13 e iOS 17.5).

“Vejo grandes empresas preocupadas em aplicar o Old First (mesmo que elas não saibam da existência do termo). Mas ainda encontro empresas com essa capilaridade (de um banco grande, nacional), que só vão se preocupar quando o problema já aconteceu”, conta Grace Libânio, head de negócios da Sofist, em conversa com Mobile Time.

Old First para alta renda e baixa renda

Libânio também explica que se preocupar em pensar em ser Old First não beneficia somente clientes de baixa renda. A gerente cita casos de pessoas de alta renda com dois celulares: um para ser usado nas ruas e outro para ficar em casa. Neste caso, o dispositivo móvel de casa reúne os apps dos bancos e que possam comprometer financeiramente.

“Quando pensamos no setor bancário o Old First faz sentido em todas as classes. O comportamento comum hoje é ter o celular para o ladrão, mas sem os aplicativos de banco, por exemplo. Mas, ao contrário do que se pensa, eles deixam o mais simples com os aplicativos bancários em casa e levam consigo o mais moderno, para poder tirar fotos, por exemplo, mas sem os apps bancários”, explica.

A head da Sofist explica que existem duas situações a serem levadas em conta: muita gente de baixa renda que usa celulares com sistemas operacionais antigos – mas que no conjunto acumula muito dinheiro – e uma população de alta renda pequena, que também usa dispositivos com OSs mais velhos, principalmente usando iPhone, mas com volume alto de renda.

“Pensar o Old First é tentar abraçar esses dois mundos. Desde o início do planejamento e desenvolvimento, a pergunta é: como economizo recursos do dispositivo?”, conta.

Vale aqui uma pequena observação. Ao fazer uma rápida pesquisa pela Google Play, nota-se que os aplicativos bancários exigem sistemas operacionais a partir do 5.0 (como o PicPay, PagBank, Itaú, Santander), passando pela versão 6.0 (Mercado Pago, C6 Bank, Neon e Inter), 7.0 (Bradesco), 8.1 (Banco do Brasil) e 9.0 (Nubank). Ou seja, vão desde o sistema operacional lançado em 2015 (Android, 5, ou Lollipop).

Dilema

No entanto, Libânio alerta que os bancos, mais cedo ou mais tarde, terão que decidir entre a segurança by design e atender aos sistemas operacionais mais antigos. “Tudo isso está gerando pressão em cima dos bancos. Atende o OS 5, mas é seguro?”, questiona. “Por outro lado, o nosso sistema bancário é um dos mais seguros do mundo”, pondera. “Mas, dependendo do tipo de ataque, os bancos precisarão avançar para versões de OSs mais recentes”, avalia.

A head da Sofist indica uma solução: usar o WhatsApp para auxiliar em algumas transações bancárias. O WhatsApp consegue funcionar em muitos dispositivos antigos.

Solução? WhatsApp?

Entre os caminhos possíveis para se testar se o Old First está funcionando, seria dar o chamado “shift left”, ou seja, fazer um passo mais à esquerda do ciclo de desenvolvimento de um aplicativo para prevenir problemas. Há também ações focadas em automação, com monitoria e observalidade robusta. Automatizar o monitoramento para ter um feeedback rápido e detectar se algo piora no tempo de resposta para o usuário.

Um teste feito pela Sofist, por exemplo, é a avaliação do onboarding em um aplicativo bancário feito com reconhecimento facial. Nem sempre esta ferramenta funcionará em dispositivos com OS antigo e a equipe faz o teste na prática, um por um, para ver se o reconhecimento facial funciona em sistemas operacionais velhos.

“Conseguimos detectar problemas em aparelhos específicos. Por exemplo, uma câmera que não vai funcionar. Não temos garantia de 100% de que aquilo testado vai ou não funcionar. Mas é uma gestão de risco”, explica.

 

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