As tecnologias de rede definida por software (SDN) e virtualização de funções de rede (NFV) são  tendência em telecomunicações há algum tempo, mas só agora começam a tomar forma na prática das operadoras brasileiras. A TIM afirma ter pouco mais de um terço de suas funções de rede virtualizadas, esperando crescer ainda mais nos próximos três anos, segundo afirmou o diretor de redes móveis da tele, Marco Di Constanzo. "Em termos pragmáticos, queremos ter 35% da parte de camada de controle e, em três anos, 80% das funções virtualizadas", disse, durante painel na Futurecom nesta segunda-feira, 17. Entre esses recursos da camada de controle estão a parte de serviço de valor adicionado, roaming e OSS. "Começamos esse percurso há dois anos, e no final deste ano teremos 15 importantes funções de rede plenamente virtualizadas."

O diretor de tecnologia e plataformas da Oi, Mauro Fukuda, diz que a empresa está com um "plano de experimentação" para verificar a utilização de NFV e SDN em arquitetura de referência, como locação de POPs, data centers, virtual edge e transformação de acessos dos usuários, com adoção da tecnologia multicamada e no acesso. "Já iniciamos toda a etapa de definição da parte de controle de SDN: ela já vem sendo trabalhada, estamos fazendo algumas provas de conceito, começando com CPE virtual residencial e corporativo, e ficando na estrutura de controle da rede de transporte ótico e IP", conta. Em um segundo momento, explica Fukuda, a ideia é realizar na Oi a transformação da rede móvel, com EPC (evolved packet core) virtual, "especialmente com M2M, e depois os demais elementos". Considera ainda integração do controle unificado, que carece de padrões na indústria.

Correndo atrás

Um exemplo de virtualização que já demonstra maior adoção de operadoras no mundo é a voz sobre o LTE, conforme explica o diretor de marketing para core da Nokia, Sandro Acácio Tavares. "Hoje é comum falar de vCPE, que já está praticamente consolidado. O vCPE do móvel é praticamente o VoLTE, e a tendência é a gente continuar seguindo o caminho com a virtualização de EPC", diz, citando um cliente na Índia que planeja ter 100 milhões de usuários com VoLTE até o final deste ano.

Mas essa realidade pode demorar a chegar ao Brasil. O diretor de tecnologia e líder de vendas estratégicas da América Latina e Caribe da Ciena, Hector Silva, considera que a região está atrasada comparada a outros mercados. "A principal questão para operadoras é como integrar aos sistemas legados", avalia. Mauro Fukuda, da Oi, garante que há uma progressão, ainda que lenta. "A movimentação existe, e está sendo implantada gradualmente nas operadoras", declara o executivo. A questão são os ganhos possibilitados com a adoção das tecnologias. "A gente acredita que vai ser agente de transformação de rede, possibilitando novos SVAs, gestão e ganho de eficiência operacional."