A Ericsson aposta na virtualização com todas as operadoras no Brasil. A companhia destacou sua atuação com a TIM em seu banco de dados e, conforme anunciado nesta quarta, 17, também com a Nextel. Esta última parceria é voltada para virtualização do core de pacote de dados (na sigla eEPC, de evolved packet core) e, segundo o presidente da fornecedora no País, Eduardo Ricotta, deverá ser implantada nos próximos três meses.

A solução promete preparar a infraestrutura da Nextel para a chegada da 5G no Brasil, bem como trazer uma melhor experiência no tráfego de dados do usuário. A expectativa que é isso traga uma economia de 30% em energia para a tele, além de aumento de mais de 90% na utilização eficiente das aplicações de software.

Com a TIM, a companhia comemora resultados da parceria firmada em 2017 e que proporcionou a migração de mais de 27 milhões de assinantes para o novo banco de dados virtualizado. O projeto tem duração de cinco anos e teve sua primeira fase concluída na primeira quinzena deste mês. “A virtualização do banco de dados é como da artéria das operadoras, é onde está a receita”, explica Ricotta.

O acordo inclui ainda a implantação e consolidação da base de outras tecnologias (GSM e WCDMA), permitindo consolidação de outros dados como a portabilidade numérica. Para 2019, a previsão é de migração de toda a base 2G e 3G, além da portabilidade numérica e autenticação Wi-Fi (AAA) para a nova base. Também planeja a ampliação dos sites existentes, que passarão de três para nove. E em 2020, a operadora deverá finalizar a migração para a solução centralizada UDC, da TIM.

Em outubro ainda, a Ericsson deverá entregar o projeto de billing da TIM. As empresas afirmam se tratar do primeiro “desse porte” usando solução UDC para facilitar, agilizar e modernizar ciclos financeiros. A bilhetagem mensal da operadora é de 2,7 bilhões de CDRs e 9,6 milhões de faturas (entre varejo e corporativos). Essa modernização deverá proporcionar maior controle da fatura para clientes, digitalizando processos como pagamento, contestação, emissão de segunda via e consultas.

5G exige mudanças

A preparação para a chegada da quinta geração no Brasil tem desafios além do tecnológico. Eduardo Ricotta comenta que, para poder haver o fatiamento das redes (slicing network), é preciso mudar a legislação. “O Marco Civil deveria ser revisto, sim, na questão da neutralidade”, afirma. “Vai ter que haver uma discussão sobre a prioridade de tráfego, acho super importante e já vemos isso acontecer em outros países: os Estados Unidos estão avaliando isso”, diz.

Há impacto de leilões arrecadatórios que também pressiona as operadoras na 5G. Segundo estudos da própria Ericsson em 40 países, o Brasil é o terceiro maior em custo de espectro, atrás de Peru e Panamá. Na Suécia, por exemplo, o custo da frequência é 12 vezes mais barato, levando em consideração a renda per capita.

Ricota considera ainda que, apesar de terminais móveis (smartphones) para 5G só chegarem no terceiro trimestre de 2019, os equipamentos de rádios já estão prontos para a nova tecnologia, bastando atualização de software. Mas destaca que é necessário trabalhar no core de rede também, processo que está sendo feito justamente com a virtualização. “Vai simplificar tudo isso, aí você consegue reduzir Capex e Opex com maior eficiência. Por isso temos projetos apoiando as operadoras.”

Vale ressaltar que a Ericsson também se empenha em Internet das Coisas com as teles brasileiras. Com a TIM, a empresa recentemente anunciou projeto de NB-IoT na faixa de 700 MHz em Minas Gerais, com foco em educação, saúde e segurança, e com plano de levar para outra localidade ao sul do Estado. Com a Vivo, há a parceria anunciada durante a última edição da Telebrasil, utilizando a faixa de 450 MHz.