É verdade que o crescimento da indústria móvel, tanto em hardware quanto em software, é puxado pela população jovem, tradicionalmente mais antenada e interessada em tecnologia. Pouco se fala sobre a penetração de mobilidade no público da terceira idade. Pois uma pesquisa do Ericsson ConsumerLab nos EUA com pessoas entre 65 e 75 anos revela que o interesse por mobilidade também está aumentando nessa faixa etária e uma das razões é a possibilidade de interagir com as nova gerações na família, como os netos. É notada também uma preferência por tablets, por causa das telas maiores, e pela comunicação por vídeo, através de aplicativos como Skype e Facetime, ou por texto, via SMS e WhatsApp, em detrimento das chamadas de voz tradicionais.

"O acesso à tecnologia faz eles se sentirem mais jovens, pois conseguem discutir sobre o assunto. É uma forma de rejuvenescer. Assim, se aproximam das gerações mais novas, pois entendem a linguagem delas ", comenta Julia Casagrande, especialista do Ericsson ConsumerLab.

Segundo a pesquisa, 31% das pessoas entre 65 e 75 anos nos EUA possuem smartphones e 45% costumam enviar SMS. O uso de mensagem de texto foi incorporado como uma maneira mais eficiente de se comunicar prontamente com os netos, por ser um canal muito utilizado pelos jovens. Há, contudo, algumas diferenças no modo de usar esse canal. Os idosos escrevem frases completas, evitando as abreviações. E são mais cuidadosos ao escrever mensagens emocionais que possam ser mal interpretadas, revela a pesquisa.

Videochamadas são cada vez mais populares junto ao público idoso para o contato com familiares distantes. Além de matar a saudade, serve também para compartilhar momentos especiais, como aniversários, e para revelar novidades do dia a dia, como um novo corte de cabelo, uma reforma na casa etc.

Os idosos também estão presentes em redes sociais, mas, neste caso, sua atuação é mais passiva. Em vez de produzirem conteúdo, acessam o Facebook para acompanhar as novidades de amigos e familiares, sem interagir tanto.

O uso de chamadas de voz tem diminuído junto a esse público, dando lugar às mensagens de texto e às videochamadas, informa a pesquisa. Porém, a maioria não abre mão de ter uma linha fixa, por uma questão de segurança e por perceber que a qualidade de voz é melhor nesse serviço do que em mobilidade.

As tendências identificadas pelo Ericsson ConsumerLab provêm de duas pesquisas: uma quantitativa global, com 100 mil pessoas no mundo, e outra quantitativa, com 30 pessoas de 65 a 75 anos nos EUA.

Brasil

Na pesquisa quantitativa feita no Brasil, o recorte etário foi até 69 anos. Na faixa entre 60 e 69 anos, 10% usam smartphones e 40%, SMS. Esses números revelação uma forte evolução em apenas um ano. Na edição de 2013 da pesquisa, a penetração de smartphones nesse segmento etário era de apenas 3,42%. E 38% usavam SMS. Ainda não foi feita uma pesquisa qualitativa com idosos daqui, mas o Ericsson ConsumerLab estuda levar a investigação iniciada nos EUA para outros mercados.