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Os sócios-fundadores da Dynamo, Orr Kowarsky (esquerda) e Nimrod Bar-Levin (direita)

A Dynamo, uma startup de educação parental de Israel, chega ao Brasil neste mês de fevereiro. Mesmo antes desta entrada oficial no País, o app acumula 20 mil downloads na versão para crianças e 50 mil na versão para pais. Criada por Orr Kowarsky e Nim Bar-Levin, a empresa tenta se diferenciar dos outros apps do mercado para não ser mais um aplicativo de controle parental, mas uma plataforma de comunicação.

“Nós temos duas visões para a Dynamo. Uma é mais técnica e financeira, que é estar instalado (ou pré-instalado) no primeiro smartphone da criança e ser o app padrão parental. E a visão romântica, ser a conexão entre o pai e a criança e a criança e o pai”, diz Bar-Levin. “Nós queremos que o handset ajude a criar valores e ideias, que ensine os pais a conhecerem seus filhos e que faça a comunicação entre eles”.

A startup foi fundada em 2018 após Bar-Levin comprar os primeiros celulares de seus filhos gêmeos de nove anos de idade. Ele esperava um impacto positivo, mas o efeito foi o contrário. Ele perdeu a comunicação com os filhos, não tinha ideia daquilo que eles consomem na tela do celular e, posteriormente, soube que eles acessavam conteúdos violentos para sua idade.

“A paternidade é educar, aprender e se comunicar com os filhos. No momento em que você dá um celular, você perde tudo isso”, afirmou o sócio, em conversa com Mobile Time nesta terça-feira, 18. “Nós não gostamos de passar por isso”.

Como funciona

Totalmente traduzido para o português, a aplicação do Dynamo atua em duas pontas, um aplicativo para os pais e outro para os filhos.

O app para os responsáveis é o Dynamo Parent (Android, iOS). Ele permite aos pais escolherem desafios escolares (matemática, geografia e história, por exemplo) a serem aplicados aos filhos. E apresenta relatórios sobre o desempenho da criança. Os pais ainda acompanham o sentimento e o humor das crianças, e recebem informações de como tratar situações complicadas e como iniciar certas conversas, com apoio da equipe de psicólogos do app.

Por sua vez, o aplicativo infantil, o Dynamo Kid (Android), estimula o aprendizado da criança por gamificação. Ela deve responder à questão que seus pais escolheram pelo Dynamo Parent para desbloquear a tela. Além disso, o app envia esporadicamente questões relacionadas ao seu humor e sentimentos. Não há nenhuma punição por erro nas respostas, pois as questões são respondidas na base de tentativa e erro.

O app ainda possui um comunicador instantâneo que permite ao pai conversar com o filho, inclusive com a janela de conversação sobrepondo-se a outro app, como o YouTube Kids. Sobre controle parental via app, Bar-Levin descarta que este seja o intuito do aplicativo: “Eu tenho um slogan que é ‘para que ser vilão, se você pode ser um bom pai’. Nós não acreditamos em controle parental, mas em comunicação. Queremos que os pais conversem mais com seus filhos”.

Faixa etária

O sócio-fundador explicou que o Dynamo inicialmente era para crianças que recebem seu primeiro smartphone, entre 7 e 12 anos de idade. Contudo, os pais começaram a pedir por exercícios escolares mais leves aos filhos, e com isso o app também é usado por crianças de 4 a 6 anos. Bar-Levin explica que isso começou no Canadá, mas acontece em outros países onde atua, como Estados Unidos, Portugal e Israel.

Com isso, o executivo acredita que o crescimento do uso de smartphones por crianças de 4 a 6 anos de idade é uma tendência global. A informação da Dynamo coincide com a recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box. Na análise de outubro de 2019, o uso de smartphones entre crianças nessa faixa etária subiu de 23% para 30%, na comparação com a pesquisa do ano anterior.

Negócios

Atualmente, a Dynamo tem um modelo de negócio que Bar-Levin chama de “freemium twist”. Ou seja, o app dos pais é gratuito, mas terá cobranças, como o relatório semanal e alguns exercícios. Esse formato de cobrança está em testes. Por sua vez, o app para crianças sempre será gratuito. Além do app, outras duas frentes de negócios são: com escolas e prefeituras, de modo que elas ofereçam aos pais os apps; e com operadoras de telefonia e distribuidores de smartphones, pois querem colocar o app em seu portfólio e/ou embarcados em handsets.

Apoiada por Uri Levine, fundador do Waze, a Dynamo angariou US$ 1,7 milhão em dois anos. Dos países em que atua, a companhia mira o crescimento principalmente no Brasil e nos Estados Unidos, em longo prazo. Em curto prazo, o sócio-fundador está engajado em conversas com escolas e prefeituras e, a partir do próximo mês, um time local do app será montado no País.