Depois do desenvolvimento do QSiP (módulo que compreende mais de 400 componentes necessários para um dispositivo móvel) para smartphones, a Qualcomm está procurando novos parceiros brasileiros para adotar o QSiP em equipamentos de Internet das Coisas (IoT). Segundo Rafael Steinhauser, vice-presidente da Qualcomm na América Latina, a ideia é que o chip seja conectado a produtos de fabricantes que tenham potencial na indústria de Internet das Coisas. “O QSiP de IoT é um chip, quase que um SIMcard. Ele serve para conectar qualquer dispositivo, simplifica o preço e a fabricação, como acontece com o QSiP de celular”.

Diferente do chip para smartphones, esse produto não será fabricado no Brasil. Mas, ainda assim, a ideia é que o processador comece a entrar no mercado nacional em 2019, por meio de soluções massivas desenvolvidas pelos parceiros escolhidos pela Qualcomm.

“Com 2,7 mm, este QSiP utilizará um chip IoT nosso, o 9206. Estamos conversando com empresas brasileiras que têm casos de uso massivo para lançar soluções no Brasil em 2019. Mas não tem previsão de fabricação no Brasil”, completou o executivo, que esteve presente na inauguração do centro de referência de IoT da Qualcomm em Sorocaba nesta terça-feira, 18.

QSiP para celular brasileiros

O executivo da Qualcomm também revelou que encontrou o local para a fabricação do QSiP para smartphones na região de Campinas, interior de SP. Sem precisar a cidade, o gestor disse que o espaço começa a ser reformado entre o final de 2018 e janeiro de 2019. Se mantiver a programação original, a produção em modo beta do chip começaria no final de 2019, e a produção comercial, no começo de 2020.

Outra novidade relacionada ao QSiP é que a Qualcomm já fechou contrato com um fabricante de smartphone para lançar um handset com o chip importado. De acordo com Steinhauser, o celular deve chegar aos consumidores ainda em 2018. Questionado sobre o nome do parceiro, o executivo disse que não poderia dizê-lo.

Vale lembrar, a fabricação do QSiP é uma joint-venture da Qualcomm com a USI. O projeto possui um investimento de R$ 600 milhões e prevê a criação de 800 postos de trabalho.

Desafios do IoT no Brasil

Steinhauser, da Qualcomm, também falou sobre os desafios que o Brasil enfrentará em IoT. Para ele, há questões como criação de uma indústria local, uma vez que grande parte do material não é adaptado à realidade brasileira. Além disso, o vice-presidente da fornecedora vê nesses desafios um momento para desenvolver a indústria.

“Temos um momento único de IoT no Brasil, como foi com o software anos atrás, quando o governo abraçou a causa e várias empresas foram criadas – e que hoje são grandes. É o que acontece hoje com o Plano Nacional de Internet das Coisas. O Brasil pode ser um early adopter de IoT”, crê o gestor. “Mas no Brasil tudo é mais caro, mais complicado. Demoramos seis meses para encontrar uma fábrica para produzir o QSiP. Ainda assim, o Brasil é um país com 200 milhões de habitantes, tem um parque industrial e tem potencial para crescer”.

Entre uma das soluções que o vice-presidente da Qualcomm imagina que pode ajudar a desenvolver o IoT no Brasil está uma legislação para colocar parte dos investimentos de pesquisa e desenvolvimento das empresas em um fundo de investimento para IoT: “O governo tomou uma medida interessante recentemente. Uma parte de investimento de IoT, em decorrência do Processo Produtivo Básico (PPB), poderá ser investida em fundos. E esse fundo não pode ser cativo, não pode ser próprio – os fundos têm que constituir um consórcio com máximo de 33% de participação. Com base nesse estímulo, está se catalisando – entre as empresas – a possibilidade de criar um fundo de IoT”, explicou. “Queremos desenvolver a indústria do smartphone, mas também de IoT no Brasil”.