Ilustração: Cecília Marins

A pandemia acelerou diversas mudanças que já estavam em curso na sociedade. Uma delas foi a tendência cada vez mais intensa de digitalização da experiência no setor financeiro. No Itaú Unibanco, por exemplo, houve uma redução da ordem de mais de 25% dos saques de dinheiro, desde 2020, segundo Marcos Cavagnoli, diretor de digital cash management e open finance do banco, que participou do Mobifinance, evento organizado por Mobile Time, nesta terça-feira, 18, em São Paulo.

A crise global pode ter sido um grande catalisador para mudanças de comportamento no setor, mas Cavagnoli também atribui a tendência ao surgimento do Pix, em outubro de 2020. A princípio, ele chegou como um concorrente direto das transferências bancárias, mas já começou a substituir outras formas de pagamento, como o boleto e o cartão de crédito e débito. 

“O Pix está cada vez mais no dia a dia do brasileiro. Essa disseminação tem a ver com praticidade e com costume. A gente também tem nosso Pix parcelado (no cartão) – o brasileiro está acostumado a parcelar muito no dia a dia. Trazer esse parcelamento para aproximar à realidade do brasileiro é bem importante”, explicou Elaine Shimoda, head de pagamentos, PicPay, sobre uma das tendências que tem ajudado a consolidar a modalidade. Entre o segundo trimestre de 2021 para o mesmo período de 2022, o uso de QR code para pagamentos pelo PicPay aumentou mais de 200%, o que é atribuído principalmente ao sucesso do Pix.

Os participantes do painel observaram que o tíquete médio do Pix diminuiu desde o seu lançamento, caindo quase pela metade. Isso se explica pela forma como o meio entrou no cotidiano das pessoas, como constatou Shimoda. O Pix passou a ser utilizado para pagamentos mais corriqueiros, como refeições em restaurantes ou compras em lojas de rua. 

De acordo com Thaisa Fausto, head de novos negócios do PayPal Brasil, em alguns setores varejistas, como moda, eletrônicos e pet, o Pix já representa quase 15% dos pagamentos online. “Eu sou muito abordada também sobre Pix internacional e Pix offline. As pessoas querem saber quando vai ser possível. Ainda temos bastante estrada para caminhar, mas não tem mais volta, caiu no gosto da população”, disse.

Para o futuro, as instituições financeiras estão ensaiando novas formas de utilização do Pix. “Algo que eu acredito muito é o Pix por NFC. Eu acho que você quebra uma grande barreira de usabilidade na qual ele ainda perde para o cartão”, disse o diretor do Itaú, que prevê lançar uma funcionalidade do tipo no futuro.