A I.ndigo, desenvolvedora brasileira de apps móveis para iOS e Android, registrou no primeiro semestre deste ano uma receita 300% maior que no mesmo período do ano passado e projeta um faturamento total de R$ 10 milhões em 2012. Fundada em 2007, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da Universidade de São Paulo (CIETEC-USP), a companhia acumula em sua bagagem projetos para clientes como Banco Santander, Harley Davidson, NBC Universal, NBA e Universidade de Stanford.

Sem contar com financiamento externo, a startup nasceu fazendo de tudo um pouco, até ir de vez para o mobile em 2009. A transição se deu quando, após criar um projeto de rede social corporativa para gestão de conhecimento, foi convidada a participar da feira de tecnologia DEMO Fall, em San Diego (EUA). “Concorremos com outras 60 empresas de grande porte e conseguimos ficar entre as cinco mais bem avaliadas do evento”, diz Danilo Toledo, sócio da I.ndigo. “Era a época em que o iPhone estava estourando nos EUA, e nós voltamos com aquilo na cabeça, a ideia de que a mobilidade era a grande tendência para o futuro”, diz.

O bom desempenho nos EUA chamou a atenção da gigante das telecomunicações AT&T, que lhe encomendou às pressas um projeto de aplicativo para a cadeia de lojas Bed, Bath & Beyond. “Tudo ocorreu às pressas, e nós tivemos que desenvolver uma solução em pouco menos de um mês. No fim, eles gostaram não somente da qualidade da solução, mas também do preço que nós conseguimos fazer. A partir daí as portas foram se abrindo”, diz o diretor da empresa.

A partir dessa parceria, a I.ndigo desenvolveu projetos mobile para grandes empresas e instituições dos EUA. A carreira nos EUA foi impulsionada pela abertura, em 2011, de um escritório em Seattle para atender clientes americanos. Em março de 2012, a I.ndigo foi convidada pela Universidade de Stanford a fazer parte do Conselho de Produtos de Mobilidade da instituição, ao lado de Twitter, Google e Facebook. “Dessa parceria devem sair grandes projetos ainda este ano”, promete Toledo.

Além da AT&T, o outro parceiro preferencial da I.ndigo é o Santander Brasil. A cada três meses, o banco dá um conceito para ser trabalhado pela I.ndigo, que desenvolve apps a partir daí. O primeiro fruto deve chegar ao mercado brasileiro até outubro, revela o executivo.

Outros projetos desenvolvidos pela I.ndigo no Brasil foram o aplicativo da Copa Libertadores da América para a Samsung (patrocinadora do evento); o app das Olimpíadas de Londres para a MSN; o projeto, ainda em desenvolvimento, de automação de força de vendas da farmacêutica EMS, que deve ser lançado em outubro; e o app de mobile banking do Banco Safra. “Temos estreitado bastante nossa relação com agências de publicidade brasileiras, e isso vem dando bastante resultado”, afirmou.

A empresa age, atualmente, em duas grandes frentes: o desenvolvimento de apps para clientes; e a criação de ideias e conceitos em mobilidade para empresas. “Quando começamos a focar no mobile, chegamos a perder várias concorrências para empresas de publicidade. Para que tivessemos sucesso, foi preciso entender que as ferramentas mobile têm uma dinâmica diferenciada em relações a outras soluções de tecnologia da informação. Entendemos que, para ter sucesso nesse ramo, mais do que uma solução tecnicamente perfeita, é preciso ter uma ideia sólida por trás”, diz  ele.

O modelo de negócios adotado pela I.ndigo varia segundo o tipo de serviço prestado. No caso de AT&T e Santander, são firmados contratos anuais de prestação de serviços, com pagamentos periódicos e um compromisso de desenvolvimento de longo prazo. Com outras empresas, pode-se fazer contratos pontuais, com o cliente passando o briefing e a I.ndigo orçando um pagamento segundo o tamanho do projeto realizado (havendo a possibilidade de um contrato adicional para a manutenção mensal do aplicativo).

O bom desempenho da empresa começou a chamar a atenção dos investidores. “Não tivemos financiamento externo inicial. Tudo começou na incubadora, onde conseguíamos nos sustentar com custos baixos, basicamento cobertos com o dinheiro dos próprios projetos. Mas nas últimas semanas, quatro fundos de investimento nos procuraram, todos do ramo de venture capital”, diz Toledo, que, embora admita que a I.ndigo  já começa a ventilar possibilidades nesse sentido, afirma que o plano principal de longo prazo é a venda da companhia para algum grande grupo de comunicação ou operadora telefônica.