A BlaBlaCar (Android, iOS) planeja avançar para outros países na América Latina nos próximos anos. Em conversa recente com Mobile Time, o CPO da empresa de mobilidade urbana, Benjamin Retourné, afirmou que este avanço deve replicar a estratégia do Brasil com ofertas de viagens de ônibus e caronas.
O executivo explicou que a ideia é ampliar eventualmente as rotas de viagens de transportes de ônibus para os usuários latino-americanos, ao mesmo tempo que ajudam as empresas rodoviárias a preencherem os assentos. Mas também mira levar a experiência de redução de custos e mais assentos em carros por meio de caronas: “Tudo caminha para essa direção. Precisamos expandir, mas precisamos oferecer o serviço certo”, disse.
Com este movimento, Retourné descarta avançar em outros modais de transporte de última milha, como bicicletas e patinetes. O foco do app seguirá em viagens de média e longa distância, estaduais ou intermunicipais.
A partir deste desenho, a estratégia da BlaBlaCar no Brasil segue em aumentar a quantidade de rotas de viagens de ônibus. Com mais de 200 viações e 22 rotas, a empresa é bem forte no sul e sudeste do país, mas quer avançar mais para as outras regiões e para outras viações.
IA

Benjamin Retourné, Chief Product Officer (CPO) na BlaBlaCar (divulgação)
Em paralelo, o CPO afirmou que a companhia está investindo mais em tecnologia e inteligência artificial. Embora utilizem IA há quatro anos, o executivo entende que as soluções generativas colaboraram para escalar as capacidades das suas funcionalidades.
Internamente, a BlaBlaCar utiliza copilotos para apoiar o atendimento ao cliente. Mas Retourné quer avançar para a era agêntica: “Estamos começando a deixar o app ‘agent-ready’ e a garantir que o nosso produto seja usado por agentes”, disse ao comparar o atual movimento do AI Commerce com o início do comércio na web nos anos 2000.
“Estamos em construção, mas o foco agora é como garantir que vamos ter sucesso na era dos agentes. Estamos olhando como gerar ativos a partir da IA. Algo que não é fácil, pois trabalhamos com dados em 16 idiomas”, completou, ao explicar que estão preocupados constantemente em desenvolver melhorias em precificação e recomendações de forma dinâmica, assim como em segurança e automação de processos internos.
O CPO confirmou que possuem perto de 100 soluções internas de IA, como criação de conteúdos para serem usados com CRM, moderação de texto automática, e até permitem que as áreas de negócios comecem a criar seus próprios agentes.
Pagamentos
Com três quartos (75%) de seus pagamentos no Brasil sendo feitos via Pix, Retourné afirmou que a empresa tem se adaptado aos pagamentos no país. Deu como exemplo o fato de que na sua operação na Europa é mais forte o pagamento via carteiras digitais, como Apple Pay e Google Pay.
Mas com o Pix dominante, Retourné vê este arranjo de pagamento como essencial e bem aceito pela população, apesar de oferecer outras soluções como cartão de crédito para parcelamento de passagens de ônibus.
Dito isso, o CPO não descarta um lançamento de uma carteira própria no app, como outros players de mobilidade urbana têm feito no Brasil.
Zen App

Um ano atrás, a BlaBlaCar testou no mercado europeu um aplicativo para viagens ocasionais, de curta distância, por meio de carona, batizado como Zen. A diferença para o serviço tradicional do Blablacar é que no Zen o passageiro pode definir livremente a origem e o destino da viagem, em vez de ir a um ponto de encontro definido pelo motorista. Era um aplicativo à parte e que funcionava como uma “startup” dentro do BlaBlaCar para testar a nova modalidade. Após os testes, decidiu-se por descontinuar o novo app e suas funcionalidades devem entrar no aplicativo da BlaBlaCar a partir de 2026, confirmou a esta publicação o CPO.
“A ambição aqui é garantir que fazemos um ótimo produto para os passageiros que querem ir do ponto A ao B. Isso acontece porque somos o único que pode levar o cliente onde ele quer, desde que exista uma estrada. Então, como tornamos realidade a oferta de um serviço porta a porta? Ao mesmo tempo, como garantimos que os motoristas compartilhem os custos dessas viagens? Isto é uma solução que queremos implementar”, detalhou.
Sobre o cronograma de lançamento e países, o executivo afirmou que ainda não está definido.
Imagem principal: Benjamin Retourné, Chief Product Officer (CPO) na BlaBlaCar (divulgação)
