[Atualizado às 12h15 do dia 21/03/2023 com informações do teste de Wi-Fi 6E em São Paulo] O diretor de produtos da Qualcomm, Hamilton Mattias, afirmou que espera que as discussões sobre a Internet sem fio evoluam para a aprovação do Wi-Fi 6E em ambientes externos (outdoor) no Brasil. Em conversa recente com Mobile Time, o executivo explica que a questão da nova tecnologia em ambiente interno (indoor) está sacramentada pela Anatel com uma faixa de 1,2 GHz para espectro não licenciado em 6 GHz.

Mattias conta que a discussão está relacionada ao uso do Wi-Fi standard power, que é 6db, quatro vezes mais potente que o modelo aprovado para Wi-Fi indoor em 6 GHz. A proposta é que esse novo modelo de Wi-Fi terá AFC (coordenação de frequência automatizada, na tradução livre para o português) para ter coexistência com outros serviços. Uma das vantagens desse formato é que o equipamento do indoor (mais robusto) também poderá ser usado no outdoor, desde que possua o AFC.

Contudo, ainda há debates com operadoras e fornecedores de equipamento de rádio: “O que as operadoras estão pleiteando é guardar esse espectro para o serviço licenciado móvel (5G). Existem só 100 MHz, de 7.025 a 7.225 MHz, ainda vai ser discutido na WRC-23. Qualquer outra faixa não está na pauta deste ano. Só deve entrar em discussão em 2027”, diz.

“Mas, se você destinar as frequências para serviços licenciados, os serviços de rádio (fixo, micro-ondas, satélites) que coexistem precisarão ser limpos, como aconteceu com TVRO no 5G”, complementa.

Outra vantagem de ter em coexistência licenciado e não licenciado em 6 GHz é o uso do 5G não licenciado, o 5G NRU. Neste caso, qualquer empresa pode instalar equipamento e não precisa de licença junto ao regulador. O único porém é que o equipamento precisaria respeitar as limitações de potência e as regras da Anatel, que são as mesmas regras do Wi-Fi, canalização e AFC.

“O 5G NRU é algo que pode ser usado para redes privativas, por exemplo. A diferença é o equipamento e as regras de uso”, opina, em alternativa à frequência de 5G licenciada. “Mas uma operadora tradicional não vai usar o NRU em uma região grande. Ela pode usar para complementar serviços. A diferença é que no espectro licenciado a operadora é quem tem direito de uso daquela faixa e pode usar equipamentos mais potentes. No não licenciado, a operadora não tem uso primário. Usa compartilhado. Portanto, se ele não quer concorrência, o licenciado é o ideal”, complementa.

Teste

Mattias também abordou os primeiros aprendizados do teste de Wi-Fi 6E entre Qualcomm, parceiros, prefeitura de São Paulo e restaurantes na região do Campo Belo, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo. O diretor de produtos da fornecedora explicou que a prova foi para mostrar que é possível instalar em local público uma tecnologia de alta velocidade.

O teste que acontece até o próximo mês de abril colaborou para medir o desempenho técnico da rede wireless de alta velocidade: “Foi possível mostrar que os equipamentos de micro-ondas não interferem e testar o sistema AFC. Vimos que a tecnologia pode ser replicada em outros lugares, como ambientes outdoor que dependem de banda larga grande”, complementou.

FOI

Hamilton Mattias, da Qualcomm, participa do segundo dia do Fórum de Operadoras Inovadoras no painel ‘FWA: quando, onde e por quê?’, ao lado de: Ari Lopes, gerente para as Américas de mercados de telecom da Omdia; Carlos Roseiro, diretor de soluções integradas da Huawei; Ricardo Catuaba, especialista de produto e negócios da Intelbras; e Wilson Cardoso, CTO da Nokia na América Latina.

Organizado por Mobile Time e Teletime, o evento acontece das 9h às 18h, nos dias 22 e 23 de março no WTC, em São Paulo. Entre outros temas abordados estão os primeiros quatro anos do Plano Nacional de IoT, uso de redes não licenciadas e modelos de negócios em Wi-Fi.