Os sociólogos encontram em empresas de tecnologia móvel um novo campo de trabalho, especialmente neste cenário de big data, em que Terabytes de informações pessoais são coletadas diariamente dos usuários através de seus smartphones. Afinal de contas, alguém precisa estudar esses dados e interpretá-los. A Atchik, empresa de origem europeia famosa por soluções white label de chat via SMS, está ciente disso e contratou um sociólogo para pesquisar melhor os hábitos dos usuários de seus serviços, de forma a coletar informações que podem ser úteis para mobile marketing e também para a elaboração de novos produtos. Com passagens por empresas de pesquisa e agências de publicidade, o sociólogo dinamarquês Kenneth  Rude é o novo gerente de customer insight da empresa.

A contratação de Rude vai apoiar uma nova área de atuação da Atchik: apps para operadoras e para grandes marcas que tenham entre seus objetivos conhecer melhor os consumidores. Pelo menos quatro diferentes aplicativos estão praticamente prontos para serem lançados. O primeiro deles se chama "Experts" e consiste em um app de suporte técnico via crowdsourcing, ou seja: os próprios consumidores de uma marca tiram as dúvidas dos outros, em troca de pontos e descontos, seguindo o modelo de "gamefication". "É como um forum para troca de experiências (sobre os produtos da marca)", explica Rude. Obviamente, o conteúdo publicado no app pelos consumidores passa por uma moderação. A ideia é que as marcas usem esse app também para realizar pesquisas junto aos seus consumidores. Uma operadora na França deve ser a primeira cliente desse app, que conta com versões para Android e iOS. Cada companhia que contratar a solução terá um app personalizado para seus produtos e seu público.

O segundo app se chama "The Locals" e consiste em uma espécie de rede social entre consumidores de uma determinada marca e um canal de relacionamento com esta. A marca que contratar esse app pode usá-lo para criar jogos localizados por cidade ou bairro, como uma caça ao tesouro pelas ruas. "A ideia é gerar um buzz local", explica o sociólogo. Os consumidores também podem conversar entre si e trocar ideias sobre coisas para fazer em suas regiões. Novamente, informações sobre hábitos dos usuários são coletadas para melhor conhecê-los. "É importante que seja divertido para o usuário, senão não vale nada", comenta.

O terceiro app é o "Educate Me", uma plataforma de treinamento de funcionários. É voltada para empresas que tenham muitos vendedores e que estejam constantemente lançando novos produtos, sobre os quais precisa explicar as características aos empregados e colaboradores. "Treinamento de vendedores ajuda as empresas a economizar com o suporte técnico", afirma Rude. O conceito de "gamefication" está mais uma vez presente: pode-se criar uma competição entre filiais da mesma cadeia de lojas, para ver em qual delas os funcionários entenderam melhor um novo produto.

Por fim, a Atchik criou um aplicativo chamado "My Dressing Room", uma espécie de rede social para as pessoas publicarem fotos das roupas com as quais pretendem sair de casa, recebendo feedback dos amigos sobre as combinações escolhidas. Foi desenvolvido a partir da observação desse hábito entre adolescentes no Facebook. Poderia ser patrocinado por marcas de roupa. E uma das ideias é desmembrar essa plataforma para outros tipos de produtos, como vinhos, cervejas etc.

Privacidade

O country manager e diretor de vendas da Atchik no Brasil, Alexandre Vermeulen, faz questão de esclarecer que o uso das informações coletadas nesses apps seguirá as leis e a cultura de cada país onde forem adotados. Sobre a entrada no mundo dos apps, explica: "É uma nova área, pela qual as teles também podem se interessar. As operadoras continuam sendo o nosso foco central".

Rude esteve recentemente no Brasil para conhecer o time brasileiro da Atchik e conversou com MOBILE TIME, no Rio de Janeiro.