Após 20 anos de operação no Rio de Janeiro e mais de 20 bilhões de viagens processadas, a Riocard quer levar o seu sistema de bilhetagem eletrônica de transporte público para o resto do Brasil, revela o seu CEO, Cassiano Rusycki, em conversa com Mobile Time. Pelo menos uma negociação envolvendo três cidades de fora do Rio de Janeiro está em curso.

Nascida originalmente como um sistema de bilhetagem para os ônibus do Rio de Janeiro, hoje o seu cartão de transporte é aceito em todos os modais da capital fluminense (ônibus, trem, metrô, barcas etc) e em 70 cidades do estado, contabilizando mais de 150 milhões de viagens por mês. Ao todo, 184 diferentes empresas de ônibus aceitam esse meio de bilhetagem, inclusive para viagens intermunicipais.

O grande diferencial da Riocard é a flexibilidade do seu sistema, que permite aplicar diferentes tarifas, de forma a atender políticas públicas estabelecidas por governos municipais ou estaduais. No Rio de Janeiro, por exemplo, além da gratuidade para idosos, estudantes da rede pública e pessoas com deficiência, há o “bilhete único” e a “tarifa social”, que são políticas públicas para simplificar e baratear o transporte da população de menor renda com o subsídio de parte da passagem pelos governos. O gerenciamento desse billing, calculando quanto deve ser pago por cada governo e quanto deve ser repassado para cada empresa, é feito pelo sistema da Riocard. Pelo seu trabalho, a Riocard fica com um percentual do valor de cada viagem.

“Várias cidades estão procurando uma solução de bilhetagem para transporte público. O poder concedente antes tinha uma atuação passiva, mas agora está se pronunciando de forma mais ativa. E precisa de dados para planejamento etc. O mais difícil é a gestão e a integração. Não se consegue construir isso em pouco tempo. Nossa confiabilidade e nossa consistência são pontos importantes”, comenta Rusycki.

No Rio de Janeiro, o cartão se chama Riocard Mais. Porém, a solução é white label, ou seja, pode ser adotada com outro nome e roupagem, conforme a preferência do governo que contratá-la. Já é assim em três cidades fluminenses: Macaé, Maricá e Saquarema. “A gente consegue adaptar e customizar. Pelo que percebo, ‘one size doesn’t fit all’. Fomos nos moldando e nos adaptando caso a caso”, diz o CEO da Riocard. 

Cassiano Rusycki, da Riocard: “A gente consegue adaptar e customizar. Pelo que percebo, ‘one size doesn’t fit all’. Fomos nos moldando e nos adaptando caso a caso”

Tecnologia

A solução da Riocard inclui a emissão de cartões numerados que podem ser carregados com crédito para uso dentro dos meios transportes que integram o sistema. Essa recarga pode ser feita presencialmente, em lojas e terminais de autoatendimento, ou remotamente, via site, ou pelo app Riocard Mais, ou pelo assistente virtual Tomás, no WhatsApp. 

Para pagar uma viagem, basta encostar o cartão em um validador acoplado à catraca do ônibus. São 19 mil validadores no Rio de Janeiro todo, dos quais pouco mais de 10 mil são conectados à Internet pela rede móvel, o que permite a aceitação da versão virtual do Riocard Mais através do app no smartphone do passageiro – desde que o telefone tenha NFC. “É o maior sistema de validação de transporte público da América Latina”, afirma.

Análise

A expansão para fora do Rio de Janeiro é estratégica para a empresa por conta da recente encampação do sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit) pela prefeitura da cidade e a iminente troca da sua solução de bilhetagem. Por conta disso, em breve os cartões Riocard Mais não funcionarão mais no BRT, mas seguirão operando em todos os demais modais de transporte da capital fluminense.

A Riocard é uma empresa privada controlada pela RioPar Participações, que, por sua vez, pertence à Semove, novo nome da Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro.