O presidente da Oracle no Brasil, Alexandre Maioral, afirmou que a companhia está preparada para uma mudança no modelo de negócios. A ideia é ser baseado em resultado do cliente e não somente em venda de produtos para empresas que oferecem serviços. Maioral explicou que os resultados do time da Oracle (da liderança ao operacional) são medidos pelo consumo do cliente.

“Qual o grande impacto cultural disso? Toda a operação passa a se preocupar, dar apoio e ficar ao lado do cliente. Entendendo se o nosso consumidor está usando todas as funcionalidades possíveis e disponíveis que tem na solução”, explicou em conversa com jornalistas no Oracle AI World em Las Vegas, Estados Unidos.

Essa alteração começou três anos atrás, quando o percentual era 80% on premise e 20% na nuvem. Atualmente, o executivo explicou que 80% das receitas da empresa no Brasil vêm de consumo de seus clientes na nuvem contra 20% on premises.

“O que muda é que o nosso dia a dia é quase de um retailer (varejista, na tradução) de nuvem. Olhamos a subida e a descida de consumo e de utilização. E com isso, criamos as estratégias próximas ao cliente para que ele continue usando, descubra novas funcionalidades – aquelas que estão disponíveis e que eles não estão utilizando”, completou.

SaaS e outcome

Já o VP executivo da Oracle Latin America, Luiz Meisler, afirmou que o mundo caminha para um novo modelo, o que não necessariamente significa o fim do SaaS como conhecemos: “Seguramente muitas coisas vão mudar e o SaaS será impactado. Mas morrer? Pouco provável”.

“O futuro do SaaS é uma incógnita, mas estamos bem-posicionados dentro do SaaS. Podemos revolucionar com novas features, novas IAs e novos agentes”, disse Meisler.

Adriàn Durán, VP sênior de cloud applications da Oracle na América Latina, acredita que os próximos passos mostram um futuro que combina o Software as a Service com inteligência artificial, algo que batizou como SaAIS. Isso se baseia no fato de que 50% dos clientes da Oracle no mundo já usam IA e 78% da base já habilitaram mais de 800 agentes de IA.

Meisler também explicou que o modelo baseado em receita será cada vez mais comum, pois a inteligência artificial deve fazer cada vez mais parte dos negócios das empresas. Disse ainda que estas precisam entender que neste novo mundo a IA é dominada pelo negócio e não pela TI, evolução que deve acontecer rapidamente.

IA

Neste universo mais voltado ao resultado, a Oracle está se posicionando como uma empresa de plataforma que oferece soluções para infraestrutura e, em especial, para inteligência artificial, que está dentro dos serviços oferecidos via nuvem computacional. Mas Maioral reconhece que a IA dentro da Oracle Brasil não tem os mesmos volumes de uso (seja em serviços, GPUs ou LLMs) como tem nos EUA. Isso acontece basicamente pelo mercado brasileiro não ter grandes consumidores como OpenAI e TikTok.

Contudo, explicou que as empresas brasileiras que consomem serviços de IA dentro da Oracle têm forte adoção de IA e nuvem: “Ou seja, em valores não alcançamos os EUA, mas em percentual de uso, sim”, completou. Apesar de ver alto percentual de adoção, Maioral vê a adoção de IA entre companhias brasileiras dividida em duas partes: as maduras, que sabem usar a tecnologia; e as que não sabem o que fazer, mas precisam agir por terem recebido ordens de seus líderes.

O presidente local da Oracle afirmou que essas companhias não estão maduras por uma questão de cultura e resistência de líderes que consideram a tecnologia como um a coqueluche. Com isso, o executivo alerta que essas empresas “não devem fazer IA por fazer IA” ou terão uma “explosão de custos” e/ou “perda de tempo”. Em sua visão, as corporações devem identificar problemas e desafios de negócios, testar e garantir que a tecnologia traga resultados, como redução de custos ou geração de receita.

IA transformacional

Entre as empresas que estão avançadas em inteligência artificial, Maiorial explica que podem ser divididas em duas fases de adoção: a primeira onda com soluções básicas e operacionais; e a segunda onda com a transformação real e profunda do negócio, a partir da tecnologia. A primeira etapa são aquelas soluções que se beneficiam de IA, como o atendimento, e não necessariamente precisam de IA generativa. A segunda evolução é aquela que busca simplificar o cotidiano das empresas, vide a utilização de agentes.

O presidente da Oracle acredita que, a partir desta simplificação, alguns movimentos deixaram de existir. Exemplificou com as grandes integrações e implementações que modernizam sistemas legados (ERP, CRM) não devem acontecer com a IA, uma vez que a tecnologia simplificará esse processo que geralmente acontece a cada cinco ou dez anos. Para Maioral, as corporações poderão colocar uma “capa” com agentes de IA por cima do legado, e esses agentes farão as buscas e informações necessárias para executar funções de forma rápida e simples por um custo menor.

“Por exemplo, se olharmos os grandes bancos no Brasil, eles continuam tendo uma conta absurda com a IBM com os seus mainframes e agora uma conta absurda com alguma empresa de cloud. Porque estavam tentando pegar essas aplicações e fazer a modernização disso e, no final, aumentaram os custos”, detalhou. “Entendo que, agora com a IA, nós não precisamos mais disso. Não precisamos modernizar nada. Apenas precisamos criar esta capa que vai fazer para mim e vai me entregar o que eu quero, sem fazer grandes transformações ou trocas de sistemas ou renovações de sistema”, concluiu.

*O jornalista viajou aos EUA a convite da Oracle

 

*********************************

Receba gratuitamente a newsletter do Mobile Time e fique bem informado sobre tecnologia móvel e negócios. Cadastre-se aqui!

E siga o canal do Mobile Time no WhatsApp!