A indústria brasileira de eletroeletrônicos começa a sentir os efeitos das paralisações nas fábricas chinesas. Pesquisa realizada pela Abinee com 50 empresas nacionais do setor indica que 57% delas já sofrem com problemas de abastecimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China. Trata-se de um aumento de cinco pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado duas semanas atrás. A maioria das empresas que confirmaram o problema atuam na fabricação de produtos de tecnologia da informação, como celulares e computadores.

Em decorrência da crise de abastecimento, 4% das empresas estão com paralisações parciais. E outras 15% planejam paralisações também parciais para os próximos dias.

O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, reconhece que o momento é “delicado”, mas não acredita que vá faltar celulares nas lojas brasileiras, por enquanto. “O problema só não é mais grave porque dispomos da produção local destes produtos”, diz o executivo, no comunicado enviado à imprensa.

17% das empresas entrevistadas preveem que não atingirão a meta prevista de produção para o primeiro trimestre, que deve ficar 22% menor. Outros 33% não souberam responder, enquanto 50% acreditam que suas metas serão atingidas.

Alerta

A Abinee alerta para a dependência que a indústria brasileira de eletroeletrônicos tem em relação à China e a urgência de se estimular a fabricação local de componentes. Em 2019, dos itens importados pelo setor, 42,2% vieram da China e 38,3%, de outros países da Ásia. Ou seja, cerca de 80% dos itens importados pela indústria nacional de eletroeletrônicos provêm do continente asiático.

“As dificuldades atuais acendem um sinal de alerta não apenas para o setor eletroeletrônico como para toda a indústria brasileira que depende de materiais e componentes provenientes de um único mercado, como a China”, diz o comunicado da Abinee.