O mercado de celulares seminovos está crescendo rapidamente no Brasil. A tendência pode ser ilustrada pelos números da Yesfurbe, startup especializada na compra de celulares usados que são reparados e revendidos em seguida, como seminovos. A Yesfurbe entrou em operação em maio do ano passado, como parte do grupo PLL, que atua no segmento de consertos de celulares. Em 2018, a Yesfurbe vendeu 3,8 mil celulares seminovos. Para 2019, a projeção é crescer cerca de cinco vezes, alcançando 20 mil unidades vendidas, diz Danilo Martins, sócio-fundador da Yesfurbe, em entrevista para Mobile Time.

“Com a elevação dos preços dos celulares e produtos próximos a R$ 10 mil, a procura por seminovos vem aumentando muito”, comenta Martins. Ele aposta que dentro de cinco anos o mercado de seminovos vai superar em receita aquele de conserto de celulares, porque o tíquete médio do primeiro é muito maior.

Danilo Martins, sócio-fundador da Yesfurbe (Foto: Dinho Rodrigues)

A Yesfurbe compra os celulares usados através do seu site e também por meio de parcerias com varejistas, que oferecem aos consumidores o chamado “trade-in”, ou seja, a compra do usado para gerar crédito na venda de um aparelho novo. Uma das primeiras parceiras é a B2W, outra é a Hashtec, rede de franquias de reparos de celulares do grupo PLL.

A maioria dos serviços de trade-in classificam o aparelho usado que compram em dois grupos: bom ou defeituoso. Como um diferencial a favor do consumidor, a Yesfurbe trabalha também com um terceiro nível, entre os dois citados: celular com tela quebrada, mas plenamente funcional. Isso eleva um pouco o preço pago por esse produto, que em outros serviços acaba sendo classificado como defeituoso, explica Martins.

Para evitar a compra de aparelhos roubados, a Yesfurbe verifica o número de identificação do terminal (IMEI) e cruza com a base de celulares roubados mantida pela ABR Telecom.

Centro de reparos

Todos os aparelhos comprados pela Yesfurbe são encaminhados para o seu centro de reparos, localizado em Alphaville, São Paulo, em uma área de 550 metros quadrados.

É uma verdadeira linha de produção, compara Martins. O primeiro passo consiste na verificação se o estado do produto é o mesmo que foi informado pelo seu antigo dono. Depois, ele é recarregado e passa pelo processo de reset de fábrica, recuperando sua configuração e software originais. Em seguida, acontece uma série de testes para verificar diversos aspectos, como a vida útil da bateria, o funcionamento do áudio, a entrada para SIMcard etc. Nessa etapa, se necessário, são trocadas algumas peças. Após o reparo, o celular vai para um equipe de teste de qualidade, para garantir que está 100% funcional. O estágio seguinte é chamado de “maquiagem” e consiste em higienizar o aparelho e retocar qualquer problema estético. Por fim, o celular é embalado e entra imediatamente em estoque, ficando disponível para a venda como seminovo. Todo esse processo leva cerca de 1 hora para cada terminal.

Centro de reparos da Yesfurbe em Alphaville (Foto: Dinho Rodrigues)

Revenda

Após o processo de reparo e maquiagem, o produto é reavaliado e classificado como “bom”, “muito bom” ou “excelente”, o que altera seu preço final. Em geral, dependendo dessa classificação e também da marca, o preço de revenda costuma equivaler a algo entre 70% e 85% daquele da versão nova.

A Yesfurbe comercializa os seminovos através do seu site e também por meio de marketplaces online, como Submarino, Lojas Americanas, Shoptime e Amazon.

A Apple é uma das marcas mais procuradas, com demanda tão alta quanto a Motorola, por exemplo. Isso se deve a uma combinação de fatores, como a atratividade da marca, o alto preço de seus aparelhos novos, mas também a longevidade e durabilidade de seus produtos. “Há regiões no Brasil onde ainda se vende o iPhone 3, especialmente no público de classe D nas periferias”, informa.

A startup aposta também no interesse das seguradoras por aparelhos seminovos. Estes servem para reduzir o custo com sinistros. Além disso, a Yesfurbe oferece para as seguradoras o serviço de cobrança da franquia. E planeja no futuro cuidar também da validação da documentação.