TIC Domicílios 2021

A proporção de domicílios com acesso à Internet nas áreas rurais do Brasil teve aumento de 20 pontos percentuais – de 51% em 2019 para 71% em 2021. A rede móvel representa o meio de acesso em 20% dos domicílios com conexão à Internet. Já fibra ou cabo, 39%. Os dados são da nova pesquisa do CGI.Br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) TIC Domicílios 2021, apresentada nesta terça-feira, 21.

Nas áreas urbanas, houve um avanço de 8 pontos percentuais (também entre 2019 e 2021). A rede móvel, neste caso, representa 17% dos domicílios com acesso à Internet e cabo ou fibra, 64%.

De acordo com Fábio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios, o indicador de domicílios com acesso à Internet também revela a evolução da penetração da Internet nos domicílios brasileiros. “Saímos de um patamar, em 2008, de menos de um a cada cinco domicílios com acesso à Internet, para 82% dos domicílios em 2021. Esse acesso é maior na área urbana”, explicou em sua apresentação.

No entanto, a área rural foi a grande variação em relação à situação pré-pandemia (2019). “Agora, ter conexão não revela muito sobre a qualidade da Internet presente nesses domicílios. Se compararmos o tipo de Internet das áreas urbanas com as áreas rurais, é possível observar algumas diferenças importantes: fibra óptica ou cabo são as principais tecnologias em quase 2/3 dos domicílios com acesso à Internet das áreas urbanas. Já nas áreas rurais essa proporção é de 39%. Então, os domicílios das áreas rurais possuem em maiores proporções uma conexão por rede móvel (3G ou 4G), via satélite ou rádio”, diz Storino.

O levantamento estima que, em 2021, 81% da população de 10 anos ou mais usou a Internet nos últimos três meses – o que corresponde a cerca de 140 milhões de indivíduos. Também foi registrado um aumento significativo na proporção de usuários da rede nas regiões Norte (83%), Sul (83%) e Nordeste (78%) em relação a 2019.

Outro dado importante revelado pelo estudo é o aumento da penetração da Internet entre as classes D e E. Em comparação aos dados coletados em 2019, a presença de conexão de Internet nos domicílios aumentou nas classes D e E 11 pontos percentuais – indo para 61%. Do ponto de vista da conectividade, a disparidade entre os domicílios das classes A e D/E vem diminuindo nos últimos anos, sendo que a diferença entre esses estratos passou de 85 pontos percentuais (pps) em 2015 para 39 pps em 2021.

Dispositivos para acesso à rede

O celular é o dispositivo mais usado para acessar a rede de forma exclusiva, ou seja, somente pelo aparelho (64% dos usuários de Internet). Principal dispositivo de acesso à Internet desde 2015, o celular teve um aumento de 6 pps no seu uso exclusivo entre 2019 e 2021. O indicador é maior entre os que vivem nas áreas rurais (83%), no Nordeste (75%), entre pretos (65%) e pardos (69%), de 60 anos ou mais (80%) e aqueles que pertencem às classes D e E (89%). Entre os usuários da classe C, o acesso à Internet exclusivamente pelo celular passou de 61% em 2019 para 67% em 2021, atingindo um contingente de 51 milhões de pessoas.

A novidade deste ano foi a mudança do segundo lugar. Se antes, o computador estava na segunda posição, em 2021 ele foi ultrapassado pela televisão. Soberano até 2014, o computador manteve sua proporção de meio de acesso à Internet em 39% das residências brasileiras. Já a TV passou de 37% (2019) para 50% em 2021. Esse aumento foi observado em quase todos os estratos analisados, principalmente entre aqueles de 35 a 44 anos (59%), usuários da região Norte (45%) e entre as mulheres (51%). Ao todo, 74 milhões de indivíduos acessaram à Internet usando a TV, um acréscimo de 25 milhões de usuários no período.

Compra online e serviços públicos

A pesquisa TIC Domicílios registrou ainda um aumento de 46% na proporção de brasileiros que compraram online em 2021 na comparação com 2019. Segundo Storino, em termos absolutos, são quase 16 milhões de usuários de Internet indo às compras online. Desses, 13,8 milhões são da classe C.

E com relação aos serviços públicos, 70% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais realizaram ao menos um serviço de uma das categorias investigadas pela pesquisa. “12,4 milhões de pessoas passaram a usar algum tipo de serviço público pela Internet”, aponta o coordenador do estudo.

Vale dizer também que a pesquisa analisou o consumo de cultura online.