A nova sigla da moda nos departamentos de tecnologia da informação das grandes empresas é API (Application Programming Interface). Trata-se de um conjunto de ferramentas, geralmente online, para a criação de softwares que possam acessar informações de sistemas internos da companhia. Um exemplo no mundo das telecomunicações é o programa BlueVia, da Telefônica, que fornece APIs para acesso a plataformas diversas da operadora, como a de SMS e MMS. Um dos principais impulsionadores para a abertura de APIs é o interesse por aplicativos móveis, revela Kleber Bacili, CEO da Sensedia, empresa especializada na construção de APIs. "Grande parte do processamento acaba sendo feito no backend, como no caso de aplicações de mobilidade corporativa, pois é preciso se comunicar com os sistemas da empresa. Mas facilita bastante ter a camada de apresentação no app móvel", explica o executivo.

Bacili tem notado uma procura cada vez maior por parte dos setores varejista e de finanças por APIs. MercadoLivre é um bom exemplo nacional. E há casos surpreendentes, como o API da Ford para a criação de apps para seus carros conectados. A Sensedia trabalha no momento com dois projetos no Brasil. Um deles é para o grupo Pão de Açúcar, que vai abrir uma API para que terceiros vendam seus produtos através do marketplace online de sites do Ponto Frio e do Extra.

O CEO da Sensedia explica que as APIs podem ser divididas em três tipos, de acordo com o público alvo: a privada (voltada para uso interno da empresa); a aberta somente a parceiros pré-definidos; e a pública, acessível a qualquer desenvolvedor. Esta última é a que mais cresce, especialmente por conta do interesse em apps móveis. O executivo ressalta, contudo, que são necessários alguns cuidados para que a API seja atraente ao desenvolvimento móvel. "Os protocolos precisam ser mais simples, especialmente no Brasil, onde a rede 3G implica em uma limitação de banda. Além disso, é preciso um cuidado com o tamanho da tela", aconselha.

As APIs também podem ser classificadas de acordo com o seu modelo de negócios. Algumas são totalmente gratuitas, como aquela de autenticação do Facebook, cada vez mais usada por apps móveis e aplicações na web. Outras adotam o modelo "freemium", como a do Google Maps: o uso até determinada quantidade de vezes é gratuito, mas depois cobra-se do desenvolvedor. E há APIs que remuneram os desenvolvedores, como a recém-lançada API do serviço de streaming de música Deezer, em que o desenvolvedor recebe por cada assinante que conquistar.

A construção de uma API pública pode levar poucas semanas, se o cliente já tiver muita coisa pronta, às vezes em razão de desenvolvimentos internos. "Mas se o sistema tiver sido construído de forma monolítica, no mainframe, aí leva mais tempo", comenta Bacili.