O desafio de adoção das Wi-Fi 6 GHz no País passa pela necessidade de mais terminais (celulares e tablets, por exemplo) com a tecnologia, disse Jonas Trunk, CEO da Linktel. Em sua passagem no Fórum de Operadoras Inovadoras, evento organizado por Mobile Time e Teletime em São Paulo nesta quarta-feira, 22, o executivo apontou que o uso das novas redes ainda é muito baixo no Brasil.

Segundo Trunk, a maioria dos dispositivos dos brasileiros não está capacitada para operar com esse novo padrão. Assim, a maioria dos acessos registrados em sua rede continua sendo de versões anteriores de Wi-Fi operando principalmente na faixa de  2,4 GHz.

“Teve um shopping em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que pediu para desligar o Wi-Fi 6, pois os clientes só conectavam seus celulares em 2,4 GHz. Fizemos o aeroporto de Salvador todinho com Wi-Fi 6, mas o uso é bem baixo”, exemplificou o CEO. “Hoje só dispositivos de R$ 8 mil a R$ 10 mil possuem Wi-Fi 6. Quando é 6E, o cenário é pior”, complementou.

Rafael Albuquerque, CEO da Zoox Smart Data, compartilhou um problema similar. Em um teste nos Estados Unidos, em um cassino de Atlantic City, a conexão com Wi-Fi 6 e 6E também teve poucos acessos.

5G e 6G nos terminais

Para Luciano Saboia, diretor de pesquisa e consultoria de telecom para América Latina na IDC, o problema é similar àquele que acontece no 5G, com poucos dispositivos prontos para conectar às redes de telecomunicações. Os motivos principais são os preços proibitivos para a maioria da população em muitos dos aparelhos. Atualmente, a Anatel estima que 3% da base de usuários móveis se conecta às redes de quinta geração.

Giuseppe Marrara, diretor sênior de políticas públicas da Cisco, acredita que o avanço do Wi-Fi 6 e 6E acontecerá junto ao 5G, uma vez que os terminais devem ter as duas tecnologias embarcadas. Ainda assim, o executivo afirmou que a sua companhia tem feito um trabalho de conversa para baratear a oferta de dispositivos e democratizar o acesso da população às novas redes.

Promoção

Outro tema debatido no painel foi a demanda por equipamentos de Wi-Fi. Marrara afirmou que a Cisco não produz mais equipamentos com Wi-Fi 5 no Brasil, apenas 6 e 6E. E os novos clientes da companhia estão procurando mais dispositivos com 6E, pois desenvolvem suas redes pensando em longo prazo.

Saboia, por sua vez, afirmou que a previsão da IDC para este ano é que 80% da base de roteadores vendidos no Brasil sejam Wi-Fi 6 e 6E.

E Trunk afirmou ainda que os equipamentos Wi-Fi 6 estão entre 10% e 15% mais baratos que o Wi-Fi 5: “Como temos vários contratos em shoppings e estádios, estamos trocando todos para a nova geração. Inclusive, estamos com dificuldade de achar dispositivos de rede para Wi-Fi 6”, completou.

Fórum das Operadoras Inovadoras

Fórum das Operadoras Inovadoras continua nesta quinta-feira, 23, no WTC, em São Paulo. Em seu segundo dia, o evento promovido por Mobile Time e Teletime contará com painéis sobre os desafios comerciais e regulatórios das MVNOs, FWA e integração de ISPs com as redes neutras. Participarão dos debates executivos de Veek, Rico Telecom, Magalu, Qualcomm, Omdia, Huawei, Intelbras, Nokia, American Tower, entre outras empresas.