Realizada desde 2010, a pesquisa TIC Educação deste ano enveredou-se também para as regiões rurais do País. Como o acesso é mais complexo, o estudo, ao contrário daquele feito nas escolas em áreas urbanas, foi realizado apenas com diretores ou coordenadores pedagógicos e não com os alunos. Constatou-se que os celulares são bons aliados de professores e administradores de escolas no interior: 48% deles usam smartphones em atividades administrativas. Porém, apenas 3% dos aparelhos são da escola. Para 5%, os planos ou créditos são custeados pela escola, enquanto o restante dos profissionais pagam por conta própria pela linha móvel.

Esses profissionais usam os aparelhos por diferentes motivos: 44%, para entrar em contato com a secretaria de educação; 39%, para se comunicar com os responsáveis dos alunos; 35%, para enviar mensagens de texto; 35%, para enviar mensagem por aplicativos; 32%, para acessar sites da Internet; 34%, para acessar programas de gestão escolar; 32%, para acessar redes sociais; e 30%, para enviar e-mails.

Apenas 36% das escolas rurais possuem ao menos um computador com acesso à Internet (e, dessas escolas, 69% contam com Wi-Fi). O percentual tem variações entre as regiões: no Sul, 81% das escolas rurais possuem ao menos um computador conectado, enquanto na região Norte a porcentagem é de apenas 18%.

Infraestrutura precária

A região Norte sofre com a falta de infraestrutura. Somente 18% das instituições possuem conexão à Internet. No Nordeste o número aumenta para 30% e, no Sudeste, vai para 57%. Mas é no Centro-Oeste, com 73%, e no Sul, com 81%, que as escolas do meio rural se destacam nesse aspecto. Dessas, 61% das escolas conectadas à rede possuem velocidade com até 2 Mbps, sendo que 16% declararam velocidades inferiores a 1 Mbps.

Não é à toa que 48% das escolas nas regiões rurais que não possuem Internet afirmam que a falta de infraestrutura de acesso à rede na região é o principal motivo para não utilizarem a rede. Em seguida, com 28%, está o alto custo de conexão.

“As últimas pesquisas sobre as escolas em áreas urbanas mostram que a maior parte delas já têm conexão de Internet. Ou seja, a conectividade básica, que é a chegada da Internet na escola, de uma certa forma, já foi vencida nas áreas urbanas. Atualmente, nesses escolas, estamos discutindo a qualidade dessa conexão e da capacitação dos professores para sua utilização pedagógica. No entanto, no meio rural, o desafio é a chegada da Internet. E, quando essas escolas têm acesso à rede, é para uso administrativo. Não estamos falando de uma internet que poderia ser utilizada para a prática pedagógica”, explica o coordenador da pesquisa Fábio Senne.

Metodologia

A pesquisa foi realizada em escolas pública, exceto as federais, e privadas, de qualquer modalidade de ensino. As entrevistas foram realizadas por telefone, seguindo questionário estruturado (CATI). Houve também entrevistas presenciais em 50 escolas. A amostra selecionada foi de 4.793 escolas. Dessas, foram realizadas as entrevistas com diretores ou responsáveis pelas instituições de ensino em 1.481 escolas.