Uma em cada cinco demissões ocorridas em grandes empresas no mundo no primeiro semestre deste ano estão relacionadas à inteligência artificial, ou 21% das 241 mil computadas em um estudo do Gartner divulgado nesta segunda-feira, 22. Só que a maioria delas não é atribuída a motivações de produtividade, mas ao reposicionamento estratégico das empresas em razão da chegada da IA. De acordo com a pesquisa, os layoffs ligados à IA podem ser divididos de três formas:

  1. Restrição de contratação, quando a empresa congela as vagas e postos de trabalho por mudanças estratégicas com a IA;
  2. Redução de postos em busca de mais produtividade a partir do uso da IA;
  3. Reposicionamento, quando a empresa decide demitir pelo cenário que se desenha no futuro e faz cortes para trocar parte de sua equipe, como a mudança de perfil dos profissionais da força de vendas para que estejam mais preparados para a tecnologia.

O VP e analista emérito do Gartner, Hung LeHong, detalhou a proporção de cada tipo sobre o total de 241 mil demissões no período avaliado:

  • 17% do total ou 37 mil postos eliminados foram por reposicionamento estratégico;
  • Menos de 4% ou 8 mil cortes foram por restrição;
  • Menos de 1% ou 2 mil demissões foram por produtividade.

Percepção

Gabriela Vogel Gartner

Gabriela Vogel, VP e analista do Gartner (divulgação)

Para Gabriela Vogel, vice-presidente e analista do Gartner, o mercado corporativo passa por um momento de transição e todos os processos empresariais passam a ser conturbados, em especial com muitos executivos não considerando o papel do ser humano.

“Esse é um ponto importante de entender e, infelizmente, alguns executivos misturam os dois. Eles olham a preparação da tecnologia e assumem que têm exatamente o mesmo grau de avanço na parte humana”, disse a executiva, ao afirmar que falta ‘virar a chave’ para a empresa entender a real proposta de valor para o funcionário.

“O que que vai ser essa empresa que você (empresário) está querendo? Criar funcionários aumentados pela inteligência artificial? O que que essa empresa vai ser daqui a algum tempo? O que que vocês querem criar? Onde investir?”, questiona Vogel. “Não pode ser apenas criar uma estratégia de força de trabalho (com IA). OK, eu (empresa) vou fazer o reposicionamento. Mas onde está a proposta de valor dos próprios funcionários? Porque vão ser pessoas que não vão querer fazer o trabalho que está sendo criado pela inteligência artificial”, completou.

A VP do Gartner explicou que isso acontece porque muitas empresas não estão preparadas para se autoavaliar e fazer esses questionamentos e que estão em um momento de processar e “começando a entender” o que significam essas mudanças.

Imagem principal: Hung LeHong, VP e analista emérito do Gartner; Gabriela Vogel, VP e analista do Gartner (divulgação)

 

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