A inteligência artificial generativa avança nos estudos e nas rotinas de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos. Segundo a 12ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, 65% desse público já incorporou a tecnologia, sendo que 59% recorrem para realizar pesquisas escolares ou estudar. Eles também procuram por informações (42%), criam conteúdo como textos e imagens (21%) e usam a IA para conversar sobre problemas pessoais ou emoções (10%).
O estudo foi lançado nesta quarta-feira, 22, pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil). A pesquisa foi realizada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), departamento do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR). A pesquisa ouviu 2,37 mil crianças e adolescentes e o mesmo número de pais ou responsáveis entre março e setembro de 2025. É a primeira vez que o estudo investiga o uso da IA generativa por essa população.
O uso dessa tecnologia aumenta conforme a idade. 68% dos adolescentes entre 13 e 17 anos entrevistados usam a IA generativa para pesquisas escolares ou estudos, enquanto 56% das crianças de 11 e 12 anos utilizaram para esse fim; e 37% de crianças de 9 a 10 anos.

Gráfico sobre uso da inteligência artificial generativa por crianças e adolescentes. Fonte: TIC Kids Online Brasil 2025/divulgação
Para buscar informação, adolescentes de 15 a 17 anos são os que mais usam a ferramenta (60%), seguidos por jovens de 13 e 14 anos (48%); crianças de 11 e 12 anos (33%) e de 9 a 10 anos (17%).
Para produção de conteúdo, 32% dos mais velhos usam a inteligência artificial generativa, ante 26% daqueles com 13 e 14 anos. A proporção diminui entre os mais novos: 12% entre crianças de 11 e 12 anos, e 9% entre 9 e 10 anos usam a tecnologia para produção de conteúdo.
A TIC Kids também coletou dados sobre o uso da IA generativa para conversas sobre problemas pessoais ou sobre emoções. Crianças de 13 e 14 anos foram as que mais citaram que já utilizaram a tecnologia para isso (16%); enquanto 12% dos mais velhos (15 a 17 anos) mencionaram usar IA para conversar. As crianças mais novas, de 11 a 12 anos (7%) e de 9 a 10 anos (4%), foram as que, proporcionalmente, menos usaram a tecnologia para esse propósito.
Acesso à internet e uso do celular
Atualmente, 92% da população entre 9 e 17 anos é usuária de internet no Brasil. “Há uma estabilidade em relação ao ano anterior, mas se você pensa em toda a série histórica da pesquisa, e são mais de 10 anos de coleta, a gente observa um crescimento de conectividade da população dessa faixa etária, impulsionada por usuários das classes C, D e E, e por uma participação dos mais novos”, disse Luisa Adib, coordenadora da Pesquisa TIC Kids Brasil 2025.
“Ao analisar ao longo do tempo os adolescentes já eram quase em sua totalidade usuários, mas agora os mais novos estão usando mais intensamente. E houve uma antecipação da idade do primeiro acesso”, complementa.
Por outro lado, há uma queda na posse de celulares por crianças e adolescentes. Se, em 2024, 81% dessa população reportou possuir um dispositivo móvel, a proporção caiu para 77% em 2025.
Por faixa etária, os dados ficam da seguinte maneira:
– de 9 a 10 anos: em 2025 eram 55%, queda de 12 p.p. na comparação com 2024, quando estava em 67%;
– de 11 a 12 anos: em 2025, 69% das crianças dessa faixa etária possuíam um celular, ao passo que 70% tinham em 2024;
– de 13 a 14 anos: aqui a diferença é insignificante, passando para 78% em 2025, enquanto em 2024 eram 77%;
– de 15 a 17 anos: a diferença foi sutil, mas houve redução, de 4 p.p., entre 2024 e 2025, passando de 99% para 95%.
Consumo de vídeo
Outro indicador novo da TIC Kids está relacionado ao consumo de vídeo na internet. Assistir a vídeos de influenciadores digitais é a maior atividade feita neste caso. Entre crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, 46% assistem a mais de uma vez por dia. Séries, filmes ou programas na internet (35%) estão na segunda posição, na mesma frequência, enquanto tutoriais ou vídeos que ensinam a fazer algo que gosta (29%) ficaram na terceira colocação. E, por fim, conteúdos com pessoas jogando na internet (23%).
“A gente tinha na série histórica da pesquisa que, junto com busca de informação, consumo de vídeos tinha proporções superiores a 80%. A gente já sabia que crianças e adolescentes consumiam muito conteúdo multimídia online. Mas a gente não tinha o tipo de conteúdo. E trazemos nesta edição”, comentou Adib. “Vídeos com influenciadores digitais são os mais consumidos e mais frequentemente consumidos por crianças e adolescentes”, resumiu.
Redes Sociais

Gráfico sobre redes sociais (atividades na internet de crianças e adoleascentes). Fonte: TIC Kids Online Brasil 2025/divulgação
Os mais velhos (15 a 17 anos) são os que mais consomem redes sociais. No entanto, houve uma estagnação do número (89% em 2025 contra 90% em 2024). Mas, na faixa de 9 a 10 anos, há uma tendência de queda entre a edição de 2024 e a atual, passando para 33%, enquanto, em 2024, a proporção foi de 47%. “Tivemos um aumento da presença de crianças de 9 a 17 anos em redes sociais e agora temos uma tendência de retomar a patamares anteriores aos observados na pandemia”, comentou Adib.
O WhatsApp (68%) é a plataforma mais utilizada pela população de 9 a 17 anos, seguido por YouTube (66%), Instagram (59%), TikTok (57%), Facebook (8%), Discord (6%) e X (3%).
Vale dizer que os mais novos, ou de 9 a 10 anos, usam o Youtube (74%) com uma frequência maior do que os mais velhos (de 15 a 17 anos), com 52% deles dizendo usar o app de vídeos.
Mediação parental

Gráfico sobre mediação parental na internet. Fonte: TIC Kids Online Brasil 2025/divulgação
A pesquisa TIC Kids também perguntou sobre usos de recursos técnicos pelos responsáveis para mediar o que as crianças e os adolescentes fazem na internet. 37% dos responsáveis limitam o tempo de uso; 34% monitoram os aplicativos; 33% filtram os apps que os menores podem baixar; 33% bloqueiam ou filtram alguns sites; 31% alertam quando a criança ou o adolescente deseja fazer compras em algum app; 27% limitam quem pode entrar em contato com o menor de idade via voz ou mensagem; e 22% fazem o bloqueio de anúncios.
Com relação a regras, 20% das crianças reportam que os adultos limitam o tempo para ficar no celular e 37% colocam regras para o uso do dispositivo.