Ilustração: Cecília Marins/Mobile Time

Com o Brasil entrando na era da quinta geração móvel, a tendência é que a rede 2G sofra mês a mês redução de acessos. Em setembro deste ano, por exemplo, o 2G continuou no ritmo normal, caindo 1,89% e totalizando 24,464 milhões de linhas. No entanto, o setor de logística acaba sendo particularmente afetado por esse declínio. Isso porque boa parte dos aparelhos de telemetria e controle de frotas de caminhões estão conectados à rede de segunda geração móvel.

“Cerca de 80% dos dispositivos de rastreamento de veículos e de máquinas de POS estão na rede 2G. Se, de repente, falarem que o 2G será desligado será uma tragédia”, afirma Mauro Miyashiro, líder da Mentoria SAE Conectividade, associação de pessoas físicas com mais de 6 mil associados, sem fins lucrativos, e referência para a integração da indústria, academia, terceiro setor e governo, em conversa com Mobile Time. “Se uma determinada estação radiobase tem o 2G desligado por algum motivo, quando passa um caminhão na localidade ele fica sem cobertura”, diz.

Para o executivo, a questão agora é como será feita a substituição de tecnologia. Transferir os equipamentos para o 3G já não faz mais sentido – porque esta rede também está sendo desligada e por conta dos custos extras de pagamento de royalties para a Qualcomm. Assim, a lógica é seguir para o 4G. No entanto, é uma substituição de equipamentos cara e que leva tempo.

“Existem fabricantes que já estão apresentando dispositivos 4G com fallback para 2G”, explica Miyashiro. Como o 2G é uma tecnologia de mais de 20 anos e que já se pagou muitas vezes, ela não é cara. A logística, portanto, deverá se desapegar da segunda geração móvel para entrar no 4G, de 700 MHz, que possui uma propagação melhor.

Vale lembrar que a empresa vencedora do leilão de 5G que arrematou o lote nacional de 700 MHz, a Winity Telecom, tem, entre as obrigações, fazer a cobertura com 4G em 625 localidades sem o serviço e em 1.185 trechos de rodovias federais, perfazendo mais de 31 mil km. A operadora arrematou os 10 MHz + 10 MHz por R$ 1,19 bilhão pelo direito de exploração da faixa por 20 anos, além de R$ 233 milhões em compromissos de cobertura.

5G

Mauro acredita que o 5G servirá futuramente para o segmento de logística nas estradas, mas não agora, pelo seu custo. “Com relação ao rastreamento, estamos falando de M2M, estamos falando de megabytes. E o 5G são gigabytes. No futuro, poderemos ter rodovias conectadas, interagindo com os veículos conectados, mas a previsão para o término de implementação é 2029”, informa. “Agora, o 5G trará um grande benefício para a indústria, onde for possível melhorar a automação devido à baixa latência e alto throughput (taxa de transferência)”, opina.