O setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC) deve ter um aumento de 10% no primeiro trimestre de 2025 com 1,1 milhão de equipamentos vendidos, ante 980 mil de um ano antes. Segundo dados coletados pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) e pela NielsenIQ divulgados nesta segunda-feira, 23, os motivadores foram dois: a volta dos tablets na cesta de consumo do brasileiro e a aquisição de produtos do universo gamer, como monitores.

Pesquisa NielsenIQ com foco no varejo

Com base em dados do varejo, Mateus Rabelo, gerente sênior de sucesso do cliente de eletrônicos e duráveis da empresa de análise de mercado, os tablets tiveram alta de 29% nas vendas no primeiro quadrimestre (janeiro a abril). Também se destacam os vestíveis, com 27% de incremento, ante o mesmo período em 2024.

Chama a atenção que 50% das compras de tablets foram de pessoas que adquiriram esse equipamento pela primeira vez, um cenário diferente do smartphone que é mais maduro na cesta de eletroeletrônicos do brasileiro que adquirem um novo handset pelo anterior ter defeito (59%) ou para melhorar de produto (24%) em sua maioria. Do público que comprou tablets entre janeiro e abril deste ano, 42% eram millennials (nascidos entre 1980 e 1990), 28% geração X (entre 1970 e 1980) e 21% geração Z (depois de 2000).

Por sua vez, José Jorge Nascimento, presidente da Eletros, afirmou que a alta dos tablets acontece em especial devido à busca por produtos para uso educacional, de entretenimento e produtividade, este último em alternativa aos notebooks. Importante dizer, os dados da Eletros que também apontam o avanço dos monitores gamers (vide modelos em 4k de resolução) são coletados diretamente com players da indústria nacional e esses consideram o trimestre e o semestre.

Além dos tablets, smartphones e telecom

Rabelo, da Nielsen, explicou ainda que os smartphones seguem como principal fator de receita em TIC, apesar do avanço de novos produtos como os tablets. Mas afirmou que a categoria está se modernizando puxada por dois fatores no Brasil: 5G e devices com mais armazenamento. Explicou que o 5G cresceu de 7% das vendas nos dias das mães em 2024 para 30% neste ano, ou seja, incremento de 23 pontos percentuais, e aparelhos com 256 GB de armazenamento passaram de 46% para 58% das vendas, ou 12 p.p.

No geral, a NielsenIQ estima que o setor de telecom respondeu por 29% dos R$ 59 bilhões de receita de vendas entre janeiro e abril de 2025. Isso se deu por um incremento de 10% no preço dos insumos, algo que o gerente da empresa explicou que ocorreu após o varejo segurar aumentos em 2024.

Nesta dinâmica de preços, os executivos foram questionados se o mercado de eletroeletrônicos como um todo seguirá a toada que existe há alguns anos no mercado de celulares, com o aumento do preço dos equipamentos para cobrir a redução de equipamentos vendidos. Rabelo reconhece que sim:

“Até agora foi muito essa história que observamos aqui no primeiro quadrimestre. A partir do momento em que a temos grandes efeitos sazonais (vide black Friday) os lançamentos vêm em um preço bastante elevado”, disse. “Pode ser que os lançamentos estão vindo de uma maneira significativamente acima do que tínhamos no passado. Mas acreditamos que em algum momento haverá esforços promocionais”, disse o executivo, ao afirmar que essa tendência pode mudar de semana para semana.

Avaliação da indústria

Em sua previsão para este ano, a Eletros estima que a indústria de eletroeletrônicos fechará o primeiro semestre de 2025 com uma queda de 1% nas vendas, com 54 milhões de peças vendidas contra 55 milhões de volume em 2024. Para José Jorge Nascimento, presidente da associação, o cenário da alta de juros, câmbio volátil, incertezas globais (tarifaço e guerras) colaboram para deixar o consumidor brasileiro mais cauteloso para ir às compras.

Neste cenário, o líder da indústria explicou que as empresas estão apostando em deixar os equipamentos mais robustos em tecnologia, como ao embarcar inteligência artificial em eletrodomésticos da linha branca (fogões e geladeiras), assistente virtuais em modelos de ar-condicionado, navegação intuitiva em TVs com IA e equipamentos portáteis com IA e controle por app (vide robôs aspiradores).

Para o segundo semestre de 2025, a expectativa é de uma recuperação gradual com datas promocionais (vide black friday e natal) e lançamentos de produtos inovadoras e sustentáveis. Nascimento também acredita que a dinâmica da gestão dos estoques nos varejistas com melhora nos ajustes dos prazos com fornecedores trará uma melhor disposição de vendas.

Imagem principal: Mateus Rabelo, gerente sênior de sucesso do cliente de eletrônicos e duráveis NielsenIQ (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

 

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