Há poucas semanas, a operadora uruguaia Antel chamou a atenção por ter sido a primeira a implementar uma rede 5G comercial na América Latina, enquanto a maioria dos seus pares ainda realizam testes de laboratório com a tecnologia. Há expectativa de que mais duas ou três teles latino-americanas anunciem suas entradas na era do 5G neste ano, sendo uma delas em Porto Rico, prevê José Otero, vice-presidente para América Latina e Caribe da associação 5G Americas. Contudo, especialistas reunidos em painel no seminário 5G & LTE Latin America, nesta quarta-feira, 24, no Rio de Janeiro, concordam que uma implementação mais massiva do 5G na região só deve ganhar força a partir de 2022.

“Em dois anos ainda não teremos implementação massiva de 5G na América Latina. Isso deve levar pelo menos mais três anos. No Brasil, ainda dependemos dos leilões de espectro etc. Uma coisa é testar em laboratório, outra coisa é em campo, pois sempre encontramos obstáculos que não esperávamos”, comenta Carlos Camardella, consultor de evolução tecnológica da Claro Brasil.

A CTO da operadora colombiana Avantel, Martha Romero, concorda com a previsão e reclama da burocracia em seu país para a instalação de fibra para as antenas: “Há muita burocracia para instalar fibra e torres em espaços públicos (na Colômbia). É muito difícil. Será um grande problema no 5G, que demanda mais antenas.”

Por outro lado, um investimento mais tardio da América Latina em 5G pode ser positivo, pois as teles aprenderão com as experiências internacionais e construirão projetos mais assertivos e econômicos, comentam os especialistas.

Otero, da 5G Americas, acredita que a popularização do 5G na região só acontecerá quando houver smartphones na faixa de preço de US$ 125, o que deve demorar para acontecer.

Painel sobre 5G no seminário 5G & LTe Latin America 2019

Serviços

Quanto aos primeiros serviços a serem lançados em 5G na região, fala-se muito na oferta de banda larga sem fio (FWA), em regiões mal servidas de infraestrutura fixa de Internet. Entretanto, Camardella alerta para o risco de se ocupar o espectro com esse serviço e acabar faltando no futuro para mobilidade em 5G. “FWA é bom para monetizar no começo, mas não pode consumir todo o espectro com isso, para não faltar recursos quando o ecossistema mobile em 5G se tornar disponível”, avalia.

Romero, da Avantel, fala começar por aplicações corporativas, em setores industriais que estejam dispostos a dividir o investimento com as teles. “É o que propõem alguns fabricantes de infraestrutura”, comentou.

Mundo

No mundo, o 5G será o padrão de telefonia móvel com a mais rápida adoção da história, prevê a Huawei. Enquanto no 3G foram necessários nove anos para se atingir 500 milhões de assinantes e no 4G, seis anos, no 5G a marca será alcançada em três anos, disse He Mansheng, responsável por marketing em 5G da fabricante chinesa.

A empresa projeta que ao fim de 2019 haverá 60 redes comerciais 5G no mundo e mais de 40 modelos de smartphones com a tecnologia lançados.