Fernando Ângelo, CEO da Sity

O aplicativo de corridas particulares Sity (Android, iOS) chegou à marca de 25 mil motoristas cadastrados no começo de junho, ante 20 mil usuários em maio. Rival nacional de Uber, 99 e Cabify, a companhia tem o objetivo de operar em 29 cidades e cinco estados em 2020, além de alcançar 2 milhões de usuários com uma frota entre 80 e 100 mil motoristas.

A Sity tem como diferencial para os profissionais uma cobrança entre 10% e 20% de taxa por corrida, contra os seus rivais que cobram em média 25%, segundo o CEO da empresa, Fernando Ângelo. Além disso, busca trazer mais segurança para motorista e passageiro, pois solicita selfie e dados do passageiro, como CPF, enquanto o motorista é validado junto aos órgãos de segurança, de forma que não são aceitos condutores com antecedentes criminais. O profissional recebe todas as informações da corrida, como nome do usuário e destino.

Em conversa recente com Mobile Time, Ângelo explicou que dos 25 mil motoristas, 90% estão na cidade de São Paulo. Uma vez aprovados pelo app, os condutores podem receber corridas. Entre aqueles que estão na fila de espera, o prazo médio de credenciamento é de 72 horas. A maioria deles ficam parados por deixarem de enviar algum detalhe na documentação, como o ConduApp, registro necessário para trafegar em São Paulo.

O executivo disse que a taxa de reprovação é baixa entre os motoristas (menos de 0,5%), mas é um pouco maior em relação aos veículos: “Em termos de reprovação de carro, é próximo de 3%. Pode ser falta de ar-condicionado, cheiro de cigarro, avaria no veículo, estilo do motorista (comportamento do motorista). Depois de seis meses, ele pode tentar novamente, desde que não tenha antecedentes criminais”.

Estrutura

Atualmente, a Sity atua em: Porto Alegre e Caxias do Sul (RS); Florianópolis (SC); Cascavel e Curitiba (PR); Vitória (ES); Belo Horizonte (MG); Salvador (BA); Brasília (DF); Goiânia (GO); São Paulo (SP); e Rio de Janeiro (RJ). Em sua estrutura, a startup tem escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, está abrindo unidades em Goiânia e em breve terá posições em Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. No entanto, o CEO afirmou que manterá a base de atendimento nos canais em que atua: Facebook, Instagram, WhatsApp e contato telefônico.

Ângelo é o sócio majoritário da companhia, que possui outros sócios e um fundo de investimento.

Modelo de negócio

No modelo de negócios, a Sity tem parcerias com fintechs para oferecer as taxas mais baixas para os motoristas. De acordo com o CEO da empresa de transporte individual, são essas parcerias que viabilizam a redução na cobrança de taxa por corrida. Por exemplo, se o motorista abrir uma conta em um banco parceiro da Sity, a taxa é reduzida para 10%.

“Mas essas taxas são limitadas até o final do ano. Depois de seis meses ele volta para 20%. Mas o banco pode dar um estímulo, se desejar. Quando ele não abre conta no banco parceiro, ou opta por não ter conta, a taxa é de 20%”, completou. “Nós fazemos campanhas que chegam a reduzir a taxa para até 5% de retenção. Além disso, o parceiro dá um ano de ‘Sem Parar’ gratuito, não cobra TED e DOC. O nosso parceiro de conta é o Banco Original. E temos a GetNet, do Santander, com desconto de maquininha de cartão”.

Covid-19

Ângelo reconhece que a crise do novo coronavírus tem afetado as receitas da companhia. Mas relata que a Sity estava com dinheiro em caixa, além de manter uma operação enxuta e lucrativa: “Nosso objetivo sempre foi ser uma empresa rentável. Nosso foco é em resultado positivo, por mais que tenha aporte, tem que ser positivo. Perdemos receita (com a crise), mas nos preparamos. Temos negociação de aporte em andamento. Temos um grande sócio novo que deve entrar em breve”, diz. “Sentimos a crise, mas nos reorganizamos. Um sinal disso é que estamos contratando, não estamos demitindo”, acrescenta.

Além da sua empresa, o executivo lembra que os motoristas também sentiram o impacto da crise: alguns profissionais perderam até 90% do faturamento. Como resultado, a Sity tenta aparecer como alternativa para o motorista e seu consumidor, em especial para a pessoa de baixa renda que não está acostumada a usar esse modal. Para essa população, a companhia lançou a campanha “é preciso”. Nela, a Sity liberou um fundo de R$ 2 milhões para dar vouchers com 30% de desconto aos usuários do app que migram do transporte público.

“O motorista acabou perdendo faturamento e muitos tiveram o auxílio negado por parte do governo. E tivemos necessidade de pessoas que precisam trabalhar. Gente de baixa renda e simples que precisava sair do transporte público. Por isso, nós aplicamos um desconto de 30% diretamente no app, em todas as corridas”, afirma. “Neste período, nós tivemos um crescimento muito forte em motoristas cadastrados. O condutor passou a ter três apps para complementar a renda. Antes usava dois apps dos concorrentes”, explica.