A Positivo Tecnologia descartou lançar roteadores (CPEs) para suprir o mercado de Fixed Wireless Access (FWA) 5G, ou seja, o equipamento para uso da rede celular em conectividade doméstica, empresarial ou rural no lugar da conexão por cabo ou fibra ótica. Durante evento para imprensa nesta quinta-feira, 24, o presidente da fabricante, Hélio Rotenberg, ressaltou que a empresa não está no mercado de equipamentos de comunicação/redes.

Segundo Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de negócios de consumo e mobilidade da Positivo, o FWA na última milha é um “mercado pequeno” no Brasil. E lembrou que as operadoras e os ISPs têm avançado na expansão com fibra.

Por outro lado, Rodrigo Guercio, vice-presidente de negócios corporativos da Positivo, comentou que muitas das empresas que conversam com a Positivo querem integrar o Wi-Fi 6 com 5G, edge computing e avançar em redes privativas. “Os modelos (de negócio no 5G corporativo) precisam ser refinados. Entraremos em um segundo momento com essas arquiteturas”, completou, ao afirmar que o “segundo momento” será após as redes privativas de quinta geração serem instaladas.

Vale dizer que, das 128 redes celulares privativas mapeadas no Brasil por Mobile Time em julho deste ano, apenas 28% envolvem 5G (que podem ser combinados com 4G). A maioria (72%) são redes LTE.

Imbróglio do FWA

O principal entrave que Claro, TIM e Vivo veem no 5G FWA é o preço e a escala de produtos. A Claro foi a primeira a ofertar o serviço de conectividade mais o equipamento, sendo que o CPE pode sair por até R$ 1,2 mil. Por outro lado, a TIM confirmou que prefere esperar até 2024 para lançar seus pacotes de FWA, de preferência com a tecnologia RedCap. A Vivo, por sua vez, encara como uma evolução de sua oferta de prateleira do FWA LTE.

Contudo, as três teles têm avançado em instalações em corporações, como os grandes bancos brasileiros que têm trocado o link de acesso à Internet nas agências pelo FWA.

Pelo lado de fornecedores, o presidente da Qualcomm na América Latina, Luiz Tonisi, afirmou que deseja trazer mais fornecedores de equipamentos FWA para o Brasil para aumentar a escala e diminuir o preço do produto. A Qualcomm é a principal fornecedora de chipset para o Fixed Wireless no 5G. Mas, por enquanto, apenas Intelbras e Elsys estão produzindo os CPEs com os processadores para o mercado local.

Um caminho para o FWA brasileiro pode ser o mercado indiano. Segundo Marcos Schaeffer, vice-presidente de rede da Ericsson no Brasil, a Índia utiliza frequências 5G similares ao Brasil e um avanço do FWA na quinta geração naquele país (que não tem tanta fibra ótica passada e precisará do CPE com 5G de forma massiva para digitalizar e conectar sua população) pode aumentar a produção dos CPEs globalmente e os preços desses dispositivos podem cair, algo que permitiria escalar sua oferta e uso no Brasil.

Foto: Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)