As operadoras móveis se deram conta de que não podem ficar de fora das oportunidades abertas em comércio móvel, especialmente em parceria com grandes varejistas internacionais. Isso ficou claro durante painel dedicado ao tema no Mobile World Congress (MWC), nesta terça-feira, 25, em Barcelona. "Às vezes parecemos lentos em relação a OTTs, mas é porque somos cuidadosos com a privacidade e a confiança que os usuários depositam conosco", justificou o diretor de produtos e inovações da operadora alemã Deutsche Telekom, Rainer Deutschmann.  Para o executivo, chegou a hora de as teles abrirem suas redes para soluções globais de varejo móvel. "Ficamos fechados em mercados locais no passado, agora precisamos abrir nossos ativos de forma segura para parceiros confiáveis de forma a viabilizar serviços globais para o varejo", disse o executivo.

A operadora alemã está disposta a oferecer um novo serviço de localização baseado em LTE, através do qual o aparelho do usuário se comunica com máquinas instaladas em supermercados ou quaisquer outros lugares pela frequência de quarta geração, por meio da uma tecnologia chamada LTE Direct. Por ser um espectro licenciado, a comunicação é mais segura que Bluetooth ou Wi-Fi, além de ter um alcance maior. Sua ideia é de que o usuário autorize previamente a comunicação sobre determinados temas ou com determinadas marcas e receba informações quando estiver por perto de coisas que lhe interessem. "Poderia servir para consumidores próximos a um supermercado ou para turistas em uma cidade", exemplificou.

No mesmo painel, a Mastercard e a Syniverse anunciaram uma parceria pela qual integrarão as informações de roaming internacional de turistas com aquelas de pagamento com cartão de crédito em viagem. A ideia é evitar o bloqueio equivocado de compras no exterior. Segundo as empresas, hoje, de cada cinco compras com cartão bloqueadas no exterior, quatro são falsos positivos. Se a Mastercard pudesse ter a confirmação de que o seu cliente está mesmo fora do país, a compra seria aprovada. Isso se tornará possível com a parceria com a Syniverse, que é uma provedora de interconexão de roaming internacional para mais de 1 mil operadoras no mundo. E será feito sem a necessidade de transmissão de dados pelo celular do usuário, até porque a grande maioria desabilita essa função quando está em viagem internacional. A informação será trocada pela rede de sinalização das operadoras, bastando o celular estar ligado.

"O caminho pela operadora é o mais seguro no longo prazo, em relação a privacidade etc. Smartphones podem ser hackeados e sistemas operacionais, modificados. Assim, a informação da localização pode ser facilmente alterada. Os consumidores já confiam às operadoras seus dados pessoais", reforçou Joe DiFonzo, CTO da Syniverse.

Walmart

O vice-presidente de mobilidade do Walmart, Gibu Thomas, demonstrou entusiasmo em relação ao uso do canal móvel pelo varejo. "Ninguém nunca entrou no Walmart com um laptop, mas todo mundo entra com um celular no bolso. O futuro do varejo será reescrito por mobile, não interessa em que país você viva. Isso está acontecendo em todos os mercados. Temos uma visão bastante otimista sobre o potencial do m-commerce", disse Thomas.

A Walmart tem um aplicativo móvel em operação em alguns mercados. Nos EUA, aqueles que têm o app instalado gastam 40% a mais por mês nas lojas do que a média. E fazem duas visitas a mais por mês a filiais do Walmart.