BlaBlaCar

Fréderic Ollier, vice-presidente da BlaBlaCar na América Latina (Crédito: divulgação/BlaBlaCar)

A crise macroeconômica no Brasil, guiada pelo contínuo aumento de insumos, como o combustível, é um dos alicerces de crescimento da BlaBlaCar (Android, iOS) no País:

“Para nós é mais um ponto que nos favorece, pois o motorista reduz o custo da viagem (com BlaBlaCar). O nosso papel – como plataforma – é adequar preços e, por isso, repassamos o valor recomendado quando tem alta da gasolina. E o que nos favorece aqui é que o Brasil tem uma tendência de utilizar o transporte de forma comunitária”, conta Frédéric Ollier, vice-presidente da BlaBlaCar na América Latina.

Em conversa com Mobile Time, Ollier explica que o segredo da plataforma está em concentrar seus esforços nas viagens intermunicipais e na “falta de motivação” para algumas empresas do setor de mobilidade urbana em “manter o motorista”. Não à toa, houve um crescimento de 40% no número de passageiros no primeiro trimestre de 2022 contra o mesmo período um ano antes, chegando a 1,8 milhão.

Além disso, a BlaBlaCar também cresceu (27%) em assentos oferecidos na comparação ano a ano, e totalizou 4,2 milhões de posições disponíveis no período mais recente. Embora a companhia esteja se posicionando fortemente no segmento de transporte rodoviário intermunicipal, estadual e até internacional, o VP da BlaBlaCar afirma que a carona é o principal produto da companhia.

Vale dizer que, atualmente, em média, as caronas têm uma distância de 160 km. E o tíquete médio para os passageiros é de R$ 37.

Commuting

Além dos ônibus, a companhia mira seu radar para a carona ao trabalho (commuting, no original em inglês). Na França, a empresa oferece a modalidade por meio do BlaBlaCar Daily, que une pessoas que querem dividir carona até o trabalho e ajuda a trazer viagens mais curtas à plataforma. Mas Ollier ressalta que há um longo caminho até essa opção chegar ao Brasil, uma vez que “é um modelo de negócio que envolve empresas, subsídios públicos e a parte paga pelo passageiro”. “Mesmo na França, ainda estamos aprendendo”, completa.

Estratégia

Avaliando desde a entrada da empresa no País até o atual momento, Ollier diz que o “Brasil estava pronto para a BlaBlaCar” e vice-versa, uma vez que o País “está cada vez mais digital”. Deu como exemplo o fato de que 90% do uso da plataforma pelos usuários é feito pelo app. O executivo cita também a necessidade de o brasileiro usar o sistema de carona, pois dois terços das rotas criadas a partir da BlaBlaCar não tinham oferta de transporte público.

“(O segredo do sucesso da BlaBlaCar) não é tão simples. A empresa foi criada em 2006 e temos experiências vividas na Europa e em vários países (antes de chegar no País). No Brasil, investimos de maneira precisa: focamos em trechos específicos e em determinadas cidades com a carona, fazendo praticamente o door to door”, explica Ollier. “Temos o nosso foco (nas viagens) entre cidades em um modelo B2C de ‘marketplace puro’. E entramos no Brasil com um investimento necessário para criar liquidez. Depois houve o ‘boca a boca’ que fez a plataforma crescer no País”, completa.