Para o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, o mercado brasileiro de celulares tem pouca diversidade de modelos, em comparação com outros, como o europeu, no qual os consumidores têm à disposição diferentes marcas. Ele acredita que mudar esse cenário, promovendo mais competitividade no Brasil, pode ser uma forma de quebrar essa “primeira barreira do acesso” aos serviços de telecomunicações, que é o próprio equipamento.

“Sempre que pensamos em como baratear o equipamento de telecomunicações, o device, pensamos em isenção tributária, alguma coisa dessa natureza. Pedi ao [superintendente Vinicius Caram] que se juntasse com a equipe dele pra pensarmos em como podemos trazer mais competição para esse mercado, trazer mais fornecedores, para que as forças do mercado façam com que o custo dos equipamentos, dos aparelhos, seja mais acessível para o cidadão brasileiro”, comentou no evento Conectividade Significativa, realizado em Brasília, nesta terça-feira, 25.

Carlos Baigorri, presidente da Anatel, que baratear custo dos celulares no País promovendo competitividade. (Crédito: reprodução)

Na sua visão, esse tipo de medida pela Anatel tem a ver com o fato de as atribuições da agência estarem mudando, junto com a evolução da conectividade brasileira. Quando foi criada, há cerca de 25 anos, o principal objetivo da agência era levar redes de telecomunicações para onde não havia. Em grande parte, elas chegaram a quase todos os lugares do Brasil. Hoje, restam apenas 8,5 mil localidades no País sem conectividade, segundo o presidente do órgão – o que ainda é, sim, um desafio.

No entanto, ele acredita que este “modelo mental” da Anatel, de expansão de rede, mudou. “Para todo o restante da população brasileira que hoje já tem a conectividade, o desafio que se coloca é outro: como garantir que essas pessoas que têm acesso as redes de telecomunicações possam efetivamente utilizar esse serviço de uma forma plena e segura?”, disse.

Ele lembrou a mais recente edição da pesquisa TIC Domicílios, de 2021, do Cetic.br. O levantamento descobriu que, entre as pessoas com acesso à Internet, mas que não a utilizam, os dois maiores motivos para isso são: não saberem a utilidade disso ou como utilizar. A renda, que geralmente é colocada como principal, é o terceiro. “É claro que existe uma questão de renda no Brasil, mas a do letramento digital é a principal razão para não se acessar à Internet e para não se conectar com o mundo por meio da rede de telecomunicações”, avaliou.

“Isso traz para Anatel, para o ministério das Comunicações, essa reflexão, de que precisamos sair do nosso modelo tradicional de construir redes e levar redes para onde não tem, e começar a pensar em como fazer as pessoas utilizarem as redes que foram construídas e o serviço que está disponível”, afirmou.