O CEO da NLT Telecom, André Martins, acredita que apesar de a Anatel ter liberado faixas de frequência “muito boas” para o uso de redes privativas, os pequenos provedores não estão abraçando esse mercado. Igualmente, o executivo também acredita que as ISPs estão perdendo a oportunidade de entrar no mercado de IoT.

“O Brasil tem entre 18 e 20 milhões de postes no Brasil e todos eles estão evoluindo e conectados para telegestão e eficiência energética. Temos praticamente 100 milhões de smart meters que serão implementados no Brasil nos próximos cinco anos. Esses são mercados que os ISPs não participam”, disse.

Durante seu painel no Encontro Nacional da Abrint nesta quinta-feira, 25, o executivo afirmou que esta é “uma onda silenciosa” que está acontecendo e está “concentrada” em poucos players. Explicou ainda que a NLT quer oferecer às ISPs uma solução completa de IoT, pois ele pode implementar uma rede LoRaWAN (não licenciada) onde quiser.

“Não podemos cometer os erros do passado. Como fazer bundling de fibra ótica, com 20 a 30 cabos amontoados em postes? Podemos fazer um trabalho para que cada ISP possa implementar suas redes LoRaWan para IoT em suas cidades, mas serem plugadas em uma rede IoT nacional para que qualquer dispositivo IoT que faça tráfego entre cidades, como transporte, se conecte e monetize aquele espectro não licenciado”, explanou. “Quem levará o IoT e as smart cities para interior do Brasil são as ISP. Não são as grandes operadoras”, previu.

Redes privativas

Em espectro licenciado, Martins reforça que o mercado de redes privativas é muito amplo e com muito potencial, mas que não viu os ISPs abraçando esse segmento. Afirmou que a NLT firmou contratos de redes privativas no ano passado para alguns ISPs do mercado agrícola no nordeste, mas que são poucos participantes com visão dos ganhos.

Disse ainda que a cartilha da Anatel liberada para redes privativas é autoexplicativa, os valores são simbólicos e permite pegar frequências de destaque para IoT, como 2,3 GHz e 700 MHz – esse mais indicado ao agro: “Levar fibra ótica para a fazenda, você leva 1 Gbps para a sede da fazenda. Isso ajuda o agricultor a fazer a logística, gestão, acessar sistemas. Só que estamos falando de fazendas que têm até 50 mil hectares. Se somos os maiores produtores mundiais de soja, milho, carne, algodão, imagina usar agricultura de precisão com IoT agrícola?”, afirmou.

“Com a rede privativa, o ISP consegue conexão de Internet para esses milhares de hectares e novos serviços. Só para dar uma ideia de valores, uma conexão de 100 a 500 Mbps um ISP cobra de R$ 500 a R$ 1 mil. No projeto de IoT e redes privativas na mesma fazenda, a receita mensal é de R$ 15 mil a R$ 20 mil. É outro patamar de receita, pois você leva outra tecnologia naquela fazenda”, disse.