O diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do BC, João Manuel de Pinho de Melo, disse que um dos principais objetivos do PIX é evitar a fragmentação no ecossistema de pagamentos. Durante live organizada pela ABFintechs nesta quinta-feira, 25, o executivo explicou que, para isso, a plataforma brasileira de pagamentos busca ser aberta, competitiva segura e de baixo custo para o consumidor, e comparou-a com o modelo chinês.

“Um dos objetivos do PIX é evitar a fragmentação”, afirmou o diretor do BC. “Nós temos, por exemplo, a China, que fez saltos de etapas, do plástico dos cartões para pagamentos por meio de apps (WeChat e AliPay, por exemplo). Isso criou valor para eles, mas também dificuldades de interoperabilidade, regulação e controle, como conhecimento do cliente e PLD (Preço de Liquidação das Diferenças)”.

Em diversas vezes na transmissão, Pinho Neto enfatizou para a audiência de executivos de fintechs que o PIX é “uma plataforma aberta, interoperável, com competição simétrica e que tem um condão eficiente do ponto de custo e regulamentação”. Sublinhou que não é produto e que não disputará mercado com eles.

“O PIX é uma infraestrutura essencial. Ele não vende produtos direto para o público. Como portadores de cartão de crédito, estabelecimentos comerciais. Ele é uma plataforma para o setor privado, empresas e mercado, operem em cima dela”, disse. “É um conjunto de regras. Uma plataforma neutra aberta, interoperável, não discriminatória e eficiente em termos de custos. Terá uma série de gratuidade do lado do pagador. Isso significa que será uma infraestrutura de custo baixo para o pagador e para quem a opera”.

Covid-19 e papel moeda

Pinho de Melo reafirmou uma ideia que foi apresentada no lançamento do cronograma do PIX: a plataforma pode ajudar no desenvolvimento dos pagamentos digitais durante a pandemia do novo coronavírus. Deu como exemplo o possível desenvolvimento dos pagamentos em transações sem contato e compras no e-commerce. O diretor do BC também respondeu sobre a possibilidade do PIX reduzir a circulação de papel moeda, ao opinar que pode diminuir, mas lembrou que a disponibilização do Real em espécie é mandatório no BC.

“O BC tem por obrigação e mandato prover esses serviços de meios e pagamento. Do ponto de vista pessoal, acredito que podemos ter uma redução em um tempo menor (que 5 a 10 anos). Mas não conseguimos tirar o dinheiro se ele ainda é demandado”, explicou. “Se como resultado do PIX ou outros arranjos de pagamentos, houver a diminuição do erário, melhor para a população brasileira. Mas o nosso papel é deixar os usuários escolherem”.