Ilustração: Cecília Marins

O mercado de Internet das Coisas caminha bem no Brasil. De acordo com estudo da Deloitte divulgado no começo deste ano, o Brasil tem um nível de entendimento alto com relação a NB-IoT/LPWAN (75% x 56%) e tem várias iniciativas de LPWAN (16%) já instaladas ou que começaram a ser implementadas (22%). Mas, na visão de executivos do setor, faltam integradores de sistemas.

Durante o Massive IoT Summit, evento organizado pela Everynet, Daniel Laper, diretor de fibra e desenvolvimento de negócios da American Tower, afirmou que, embora complexa, a cadeia de IoT basicamente eliminou seus problemas iniciais com operadoras de rede neutra e um ecossistema forte. Mas ainda faltam os integradores fortes.

Laper explicou que o integrador é “a chave” para mostrar o potencial de ROI que um cliente pode ter com IoT, além de mostrar como capturar valor do volume de dados capturados e do valor da rede. O executivo explica que os poucos cases de integradores ficam restritos a setores maduros na IoT, como a Maxtrack em rastreamento e a Laager em medidor de água.

Igor Calvet, presidente da ABDI, lembrou que outro fator de preocupação para integradores na IoT é a falta de capital humano. De fato, um executivo que trabalha com integração explicou que está repleto de trabalho, mas não tem equipe o suficiente para integrar e treinar ao mesmo tempo.

André Martins, CEO da NLT, afirmou que integrador de IoT é a bola da vez, uma vez que eles podem quebrar a barreira e explicar ao mercado como se beneficiar do potencial total da Internet das Coisas, algo que impede a adoção em massa da tecnologia.

“O cliente procura primeiro redução de custo e quando ele pensa só nisso, ele perde o potencial que tem a IoT. No caso dos medidores de energia elétrica, a concessionária só quer tirar o leiturista. Eles não exploram o potencial da IoT, como dashboard de dados ao cliente. Isso impede o uso massivo. Essa limitação de escopo do cliente é uma barreira”, disse o líder da operadora.

Lição de casa

Martins afirmou que um bom integrador precisa “ter um bom relacionamento com os fornecedores de hardware” além de provedores de plataforma e associações: “O integrador precisa montar o ‘Lego da IoT’ de um cliente, mas precisa de peças. Ele precisa entender soluções do setor e capacidade de automação. Para convencer o parceiro sobre a viabilidade financeira do projeto”, completou.

Por sua vez, Paulo Spacca, presidente da Abinc, acredita que o integrador tem que ser “especializado em um setor”, em especial naqueles que precisam de tração no momento, como cidades inteligentes, agronegócios e saúde. E José Eduardo Azarite, vice-presidente de inovação corporativa na Venture Hub, disse que o integrador de sistemas “precisa ser baseado em números (e dados) e conhecer bem o mercado” que atua.