O Brasil tem 2,1 milhões de pessoas que trabalham através de aplicativos, somando motoristas, entregadores e comerciantes de marketplaces. Dessa base, 1,49 milhão são motoristas, entregadores ou profissionais de serviços gerais, e 628 mil vendem produtos em apps de marketplace. Esse total representa 2,4% da população ocupada no setor privado, que chegava a 87,2 milhões no quarto trimestre do ano passado. Os trabalhadores de apps têm um rendimento médio mensal maior que a média dos demais ocupados, mas, em contrapartida, trabalham por jornadas mais longas. 

Os números fazem parte de levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e divulgado nesta quarta-feira, 25, como parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, dentro do módulo inédito chamado Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais, criado com o objetivo de mapear a forma de trabalho que foi consolidada por meio de aplicativos no País. Os dados foram coletados no fim de 2022.

A maioria dos profissionais de apps são homens (81,3%), com ensino médio completo ou superior incompleto (61,3%) e pessoas entre 25 e 39 anos (48,4%). 

Tipos de serviços

Em relação ao tipo de aplicativo, o IBGE detectou que 778 mil pessoas exerciam o trabalho principal por meio de aplicativos de transporte de passageiros em ao menos um dos dois tipos listados (de táxi ou não), representando 52,2%. Já 47,2% (704 mil pessoas) trabalhavam em apps de transporte particular de passageiros, excluindo os de táxi, e 13,9% (207 mil) em apps de táxi.

Sobre os trabalhadores de aplicativos de entrega de comida, produtos etc, 39,5% (589 mil) eram deste segmento, enquanto os trabalhadores de aplicativos de prestação de serviços gerais somavam 13,2% (197 mil). 

No recorte por regiões do Brasil, o Norte apresentou maior proporção de trabalhadores por apps de transporte particular de passageiros (excluindo os de táxi), com 14 pontos percentuais a mais do que a média nacional (61,2%). A região também se destacou pela menor proporção de pessoas que trabalhavam com aplicativos de serviços gerais ou profissionais, 5,6% – menos da metade do índice no País. Neste caso, o Sudeste responde por 61,4% do total dos profissionais ocupados nos apps.

A região com maior contingente de trabalhadores de apps no País, segundo o IBGE, é o Sudeste, com 862 mil (57,9%, do total), seguido pelo Nordeste (248 mil), Sul (181 mil), Centro-Oeste (103 mil) e Norte (95 mil).

Renda e jornada de trabalho

No período de outubro a dezembro do ano passado, o estudo apontou que o rendimento médio por mês dos profissionais de apps estava em R$ 2.645. O valor é 5,4% maior que o rendimento médio dos demais ocupados, de R$ 2.510. Ao mesmo tempo, os trabalhadores de apps trabalhavam, em média, 46 horas por semana – uma jornada 6,5 horas maior em relação aos demais, que atingiu 39,5 horas.

De acordo com o IBGE, essa diferença nas horas trabalhadas pode explicar a diferença de rendimento. Além disso, ao considerar o rendimento por hora trabalhada, os trabalhadores de apps apresentam, em média, um rendimento inferior ao dos demais ocupados.

Observando a renda por tempo de trabalho dos profissionais dos aplicativos, o trabalhador teve um ganho médio de R$ 13,3 por hora trabalhada, em oposição aos demais ocupados, com R$ 14,6. No caso dos motoristas de passageiros, o rendimento-hora era de R$ 11,8, enquanto o dos motoristas que não usam o aplicativo como principal fonte de renda era de R$ 13,6 por hora trabalhada.

Enquanto 60,8% dos ocupados no setor privado contribuem para a previdência, apenas 35,7% dos trabalhadores de apps são contribuintes.