As Américas estão divididas quando o assunto é espectro para os serviços de quarta geração (4G) de telefonia celular. Três faixas distintas estão sendo usadas em países diferentes: 700 MHz (EUA e Porto Rico), 1,7 GHz/2,1 GHz (EUA, México e Uruguai) e 2,5 GHz (Brasil, Colômbia, Chile). Como se não bastasse, a operadora norte-americana Sprint deve adotar 1,9 GHz e é possível que teles brasileiras utilizem no futuro para 4G as faixas que hoje servem ao 2G, como 850 MHz e 1,8 GHz. Essa colcha de retalhos provoca dois impactos na vida do consumidor: telefones celulares mais caros, por falta de escala, e impossibilidade de roaming internacional, dependendo do terminal usado e do país visitado – algo que era comum alguns anos atrás para quem usava aparelhos CDMA e ia para Europa, por exemplo. O tema foi abordado em matéria publicada esta semana em Mobile Time, a partir de entrevista com o diretor para América Latina do 4G Américas, Erasmo Rojas.

A tendência é que a América do Sul se divida em dois blocos principais: um com 2,5 GHz, que é também a principal freqüência na Europa para 4G, e outro com 1,7/2,1 GHz, mais alinhado aos EUA. A faixa de 700 MHz ainda está nas mãos de radiodifusores em certos países do continente e deve demorar alguns anos que isso mude – o que deve gerar outra longa batalha entre TVs e teles nos bastidores dos órgãos reguladores.

É provável que surjam terminais 4G mais caros, que trabalhem com as diversas freqüências e tecnologias, de forma a permitir um roaming internacional de abrangência global, e outros mais baratos, capazes de funcionar apenas nas freqüências locais.

O lobby da indústria de telefonia móvel é extremamente forte e conseguiu vitórias importantes nos últimos anos com o objetivo de alocar mais espectro para esses serviços. Contudo, não se vê a mesma eficiência na hora de harmonizar as freqüências ao redor do mundo. Claro que não se pode esquecer que há empecilhos regulatórios e legislativos próprios de cada país que dificultam ou inviabilizam essa harmonização. Quem mais perde, porém, é o consumidor, que mal sabe a diferença entre 2G, 3G e 4G, quanto mais a frequência que seu aparelho precisa usar para funcionar em uma viagem ao exterior.