A Allugator, empresa de assinatura e aluguel de dispositivos eletrônicos, quer ampliar seu modelo para outras categorias em breve. A informação foi compartilhada pelo CEO da startup mineira, Cadu Guerra, em conversa recente com Mobile Time.

“Nossa visão é ser o futuro do varejo. Vários outros produtos podem ser assinados e não comprados. Antes (de avançar para novos produtos) queremos fazer o que fazemos hoje (aluguel de celulares) de forma bem-feita”, diz o executivo.

Atualmente, a empresa oferece smartphones, acessórios, relógios inteligentes, PCs e consoles e games, por até 60% do valor do preço de compra em locações de três, seis e 12 meses. Seu carro-chefe são os smartphones da Apple, os iPhones 11 e 12. Com mais de 3 mil assinantes, a empresa atende usuários de todo o Brasil, somando mais 700 cidades em que seus produtos chegaram.

Como funciona

Guerra conta que a Allugator funciona como um “serviço de assinatura de carro”: o usuário acessa a plataforma (site online), escolhe aparelho e prazo do aluguel e fornece as informações necessárias para a contratação. O usuário finaliza e envia a documentação pedida digitalmente e a companhia faz a análise de risco.

Em seguida, a startup compra o aparelho e manda para o consumidor. Esse processo demora até um mês, entre o pagamento e a entrega do dispositivo. Após o término do contrato, o usuário pode renovar, trocar o aparelho ou comprar.

“A Allugator é uma empresa de soluções. Surgimos para resolver o problema que temos no mundo, queremos ‘consumir tudo’ e ‘temos que comprar tudo’. Isso não é uma forma saudável de consumir. O consumidor não consegue ter o que gostaria e isso é ruim para o mercado”, afirma.

“No serviço de assinatura de eletrônicos, quando falamos de celulares, vendemos o acesso no aparelho. A pessoa contrata o celular por assinatura, paga muito menos tendo embutido toda a experiência: seguro com cobertura contra dano, roubo e pacote para continuar ou trocar de aparelho”, conclui.

Competição

“O fato de grandes entrarem neste segmento com Porto Seguro e Itaú é bom. É muito similar com o mercado de aluguel de carros. Porém, nós (Allugator) queremos ganhar o mercado com a experiência do mercado”, diz o CEO sobre a competição e a dinâmica do mercado de aluguel de dispositivos.

“Estou bem empolgado com a forma como o mercado está caminhando. Hoje em dia é caro ter um dispositivo e ele atualiza rápido. Não faz sentido investir R$ 14 mil para comprar um iPhone Pro Max”, afirmou. “Não à toa, o Allugator é inspirado na maior empresa de aluguel tech do mundo, a alemã Grover”, explica Guerra.

Vale dizer, recentemente, a Grover (Android, iOS) recebeu um aporte de 60 milhões de euros em uma rodada de série B, além de fechar uma parceria exclusiva com a Samsung. Hoje, sua oferta vai de smartphones até dispositivos de realidade virtual, casa conectada e veículos de mobilidade urbana.

Modelo de negócio

Embora o modelo de negócios seja bem definido para o consumidor – aluguel e assinatura de dispositivos – há três outras estratégias: a captação de investimentos para comprar lotes de dispositivos com título de crédito; o relacionamento com parceiros varejistas; e o ciclo de venda de equipamentos usados.

O dinheiro levantado com investidores permite comprar mais dispositivos e diminuir a fila de espera por aparelho, que hoje está próxima de 150 mil consumidores. Ao todo, R$ 13 milhões foram angariados nessa estratégia, que começa com lotes de R$ 20 mil com cheque mínimo (investimento) a R$ 100 mil. A garantia de retorno são os dispositivos. Atualmente, a companhia possui 400 apoiadores. Um deles é Gustavo Caetano, fundador da Samba.

“Já temos break-even. Crescemos em receita dez vezes, sem aporte. Temos uma operação de funding de dívida para levantar capital. Somos como um fundo de hedge: levantamos capital, performamos, alugamos e depois liquidamos retornando o investimento”, diz. “O ponto principal para nós hoje é o investimento. Captamos, crescemos, fazemos estoque e atendemos mais gente”, completa.

Futuro

Para as próximas etapas, a Guerra confirmou que realizou conversas com o mercado de venture capital recentemente e estão montando um “plano de crescimento mais agressivo”. Como dito antes, parte dessa estratégia considera a expansão de serviços, atributos e novos produtos, mas a companhia também cogita uma internacionalização. “É uma vontade que temos, pois a missão do nosso negócio é mudar o consumo no mundo. Temos uma visão de ser uma empresa global, desde que seja bem-feita”, afirma o CEO.