Em países emergentes, calcula-se que famílias gastem em torno de 10% da sua renda mensal com serviços de comunicação, especialmente telefonia celular. Embora represente uma receita média por usuário baixa para as operadoras, o valor é proporcionalmente alto para essas pessoas. É por isso que a publicidade móvel nesses países não pode exigir que os consumidores cliquem em links para abrir páginas web ou baixar vídeos que vão consumir seus créditos. O assunto foi discutido em painel nesta quarta-feira, 27, no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona.

"Muitos veículos de mídia estão cometendo esse erro. É preciso lembrar que as pessoas pagam por cada byte. Portanto, elas pagam pelo anúncio visto na tela", disse Nathan Eagle, CEO da Jana. Sua empresa propõe um novo modelo de publicidade móvel em países emergentes, em que os anunciantes reembolsam os consumidores pelo que gastarem trafegando dados em propagandas. Sua plataforma está conectada ao billing de 237 operadoras em 102 países, representando 3,48 bilhões de assinantes. A compensação é feita de maneira praticamente automática, garante.

"A tática de oferecer um prêmio para o usuário comprar um produto é antiga, remonta a 100 anos atrás. O interessante é que agora os minutos são a moeda. As marcas precisam entender isso", comentou Paul Gunning, CEO da agência Tribal DDB.

Eagle, da Jana, conta que a ideia para a sua plataforma veio com uma experiência de m-health realizada no Quênia alguns anos atrás. Enfermeiras em hospitais localizados no interior do país foram incentivadas a enviar mensagens de texto diariamente informando a situação do banco de sangue local, de forma que o governo pudesse planejar melhor o envio de sangue. "Nos primeiros dias houve uma forte adesão, mas ao longo do primeiro mês houve uma reviravolta e as enfermeiras  pararam de enviar mensagens. O motivo era o custo do SMS para elas. Foi uma falha nossa não termos pensado nisso", explicou Eagle.