5G no exterior traz planos com dados ilimitados sem redução de velocidade

Falta pouco para as operadoras brasileiras iniciarem a operação de suas redes 5G no padrão standalone na faixa de 3,5 GHz: o novo prazo estabelecido pela Anatel é de que o serviço seja lançado nas capitais ao fim de agosto/começo de setembro. Junto com a chegada da quinta geração de telefonia móvel serão criados novos planos para os consumidores. Uma análise da estratégia adotada por operadoras no exterior, em mercados onde o 5G já foi lançado, pode indicar o que está por vir por aqui. Mobile Time fez um levantamento dos planos em 5G de oito operadoras em seis países (EUA, Austrália, Coreia do Sul, Espanha, México e Chile) e identificou algumas tendências, como a oferta de dados ilimitados sem redução de velocidade, mas com a discriminação do tráfego de hotspot móvel para evitar abusos. Além disso, continuam existindo planos mais baratos com franquia e redução de velocidade após atingido o limite.

Dados ilimitados sem redução de velocidade

As três grandes operadoras norte-americanas (AT&T, Verizon e T-Mobile), assim como a sul-coreana SK Telecom e a espanhola Movistar (do grupo Telefônica), oferecem como plano mais caro em 5G uma opção com dados ilimitados sem redução de velocidade. Nos EUA, os preços pelos planos ilimitados giram em torno de US$ 50/mês por linha (aproximadamente R$ 262). 

Mas nem todas seguiram esse caminho. A australiana Telstra, a chilena Movistar e a mexicana Telcel não oferecem planos ilimitados sem redução de velocidade. Nelas, os planos mais caros continuam tendo franquias de dados, embora com limites mais altos que no 4G. Na Movistar Chile o maior plano é de 400 GB e na Telstra é de 180 GB, por exemplo.

Nos planos com franquias, quando o consumidor atinge o limite, o acesso à Internet não é bloqueado, mas a velocidade é reduzida. Em alguns casos, a redução de velocidade varia de acordo com o plano – na Movistar chilena, por exemplo, pode ser de 180 Kbps, no plano mais básico, até 4 Mbps, no mais caro. Uma exceção entre as operadoras analisadas é a mexicana Telcel. Lá, em vez de reduzir a velocidade quando o limite é atingido, o assinante pós-pago é cobrado pelo excedente.

Acesso premium

Para explicar ao consumidor a diferença de acesso em alta velocidade, os departamentos de marketing das operadoras 5G cunharam termos próprios. Na Verizon é “rede premium”. Na T-Mobile é “dados premium”. Na AT&T é “dados de alta velocidade”. Na espanhola Movistar são “dados em velocidade máxima”. Nos planos ilimitados, as operadoras garantem o acesso contínuo a essas condições “premium” da rede. Naqueles com franquia, o cliente perde o acesso com alta performance depois que atinge o limite.

Há ainda operadoras que oferecem um plano de entrada, ou seja, o mais barato de todos, em que os dados também são ilimitados, mas não há garantia de acesso à “rede premium” em nenhum momento. Assim, a velocidade de acesso depende de como estiver a ocupação da rede. Na AT&T esse plano se chama “unlimited starter plan” e custa US$ 35 por linha (cerca de R$ 183) na contratação de quatro linhas. Nesse plano, “a AT&T pode temporariamente reduzir a velocidade de dados se a rede estiver ocupada”, informa o site da operadora.

Discriminação do tráfego para hotspot

Para evitar o uso abusivo dos planos ilimitados, as operadoras norte-americanas e a sul-coreana SK Telecom estabelecem limites para o tráfego em hotspots móveis. Portanto, os planos são ilimitados e sem redução de velocidade somente para navegação no smartphone. Se o dispositivo for utilizado como um roteador para compartilhar acesso via Wi-Fi para outros aparelhos, aí há uma franquia de dados. No caso da AT&T, por exemplo, o limite mensal para hotspot móvel é de 50 GB no plano de dados ilimitados. Esse é o mesmo limite previsto pela sul-coreana SK Telecom em seu plano mais caro. T-Mobile e Verizon trabalham com 40 GB e 25 GB, respectivamente, em seus maiores planos.

A discriminação de tráfego em hotspot não é adotada, pelo menos por enquanto, nas demais operadoras analisadas.

Separação de planos por frequência 5G

Um caso interessante encontrado somente na Verizon é o de separação de planos de acordo com a frequência da rede 5G. A operadora norte-americana divide sua rede 5G em dois tipos: aquela na faixa de 700 MHz, chamada de “5G nacional”, e aquela nas faixas de 3,5 GHz e em ondas milimétricas, batizada de “5G com banda ultralarga”. A maioria dos planos abrange as duas redes, mas o de entrada, aquele mais barato, está restrito ao 5G em 700 MHz.

Diferenciação por assinatura de serviços externos

Para se diferenciarem no 5G, as operadoras têm buscado parcerias com serviços de provedores de conteúdo. Isso fica muito claro no mercado norte-americano. A tendência é a de inclusão da assinatura de determinados serviços como parte do pacote pós-pago, ainda que por um período limitado. A AT&T oferece o serviço de streaming de games do Google Stadia Pro por seis meses; a T-Mobile, dá assinaturas de Netflix, Apple TV e Paramount+; e Verizon, Disney+, ESPN+, Hulu e outros. 

Essa tendência, contudo, já existe no Brasil há algum tempo, com planos com parcerias específicas, especialmente com serviços de streaming, como Netflix, Globoplay, Prime Video etc.

Tabela 1 – Estratégia de planos 5G no exterior

Tabela 2 – Os maiores planos de dados praticados pelas operadoras brasileiras no 4G