A partir dos conceitos de municípios rurais, urbanos e intermediários elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Opensignal desenvolveu uma pesquisa sobre a cobertura 4G nas áreas do campo no Brasil em comparação com os seus centros urbanos. De acordo com os dados, as áreas urbanas possuem acesso à rede de quarta geração 75% do tempo. Em áreas rurais, a disponibilidade do sinal é menor que 41%, sendo “disponibilidade” a proporção de tempo em que os usuários tiveram conexão na rede que eles frequentam.

A disparidade da proporção do sinal 4G disponível no campo e na cidade significa que a rede de quarta geração está disponível quase duas vezes mais (1,8x) para quem está nas cidades do que para quem está presente nas áreas rurais.

Operadoras

Entre as operadoras, a TIM obteve a melhor disponibilidade de sinal 4G nas áreas urbanas, com 84%, e conseguiu atingir 90% em 10 cidades analisadas. Por sua vez, a Oi tem a pior disponibilidade em áreas urbanas: 64%.

A disponibilidade do 4G nas áreas rurais ainda é bem diferente entre as operadoras. A TIM conta com 53%, contra 14% da Oi. No meio estão Vivo, com 42%, e Claro, com 37%.

Ao introduzir 3G na análise, a Opensignal detecta uma disponibilidade mais homogênea entre as três principais operadoras do País batendo acima dos 90% nas regiões urbanas. No caso das áreas rurais, Vivo possui 80% de disponibilidade, seguida de perto pela Claro, com 76%, e pela TIM, com 75%. A Oi chega a 80% nas regiões urbanas e apenas 38% nas áreas rurais.

No relatório, a Opensignal afirma que o Brasil está, tradicionalmente, atrás de seus pares na América Latina em termos de disponibilidade 4G, mas o País começa a se recuperar.

“A disparidade entre as operadoras se reflete em nossa análise da disponibilidade rural versus urbana de 4G”, explicou no relatório a empresa de análise de dados móveis. “Os usuários na rede da TIM desfrutaram da mais alta conectividade nos municípios urbanos, acima de 84%, enquanto isso caiu para menos de 64% para os usuários da Oi. E isso foi ainda mais extremo nos municípios rurais, onde os usuários da TIM desfrutavam de mais de 50% de disponibilidade 4G, enquanto os usuários da Oi só podiam se conectar a uma rede 4G menos de 14% das vezes”.

Ainda de acordo com a Opensignal, o País começa a ver o impacto do início do uso do espectro 700 MHz, frequência antes usada pela televisão analógica. Entre os principais beneficiados estão os usuários de dispositivos móveis do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, houve um salto disponibilidade de menos de 70% no início de 2018, para quase 78% no final de março de 2019. A Oi não tem acesso ao espectro de 700 MHz, o que se reflete em suas pontuações de disponibilidade 4G mais baixas. Mas a operadora ainda pode garantir uma licença para a banda, já que a Anatel deverá realizar um segundo leilão no próximo ano.

Se compararmos a consistência do 4G no Brasil para mercados da Europa, Ásia e América do Norte, apenas quatro dos mercados analisados pela Opensignal – Hong Kong, Japão, Holanda e Coreia do Sul – conseguiram uma pontuação de mais de 90% em todas as suas redes. Não à toa que esses países encontram-se no topo do último relatório global do State of Mobile Experience. Porém, o Brasil estava abaixo dos vizinhos latino-americanos, como Guatemala ou República Dominicana. Mas a Opensignal acredita que o País irá melhorar sua performance, especialmente depois do próximo leilão e lançamentos de novos espectros, assim como depois de acordos de compartilhamento de redes.

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre 1 de abril e 30 de junho com dados de 1, 081 milhões de celulares.