A pandemia do novo coronavírus confinou as famílias dentro de suas casas e fez com que aumentasse de maneira significativa o tempo de tela das crianças. Seja para entreter ou para assistir aulas online, o fato é que as crianças brasileiras nunca haviam passado tanto tempo usando smartphones. Uma mera observação em algumas residências brasileiras constataria essa afirmativa, mas a nova edição da pesquisa anual Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de smartphones por crianças traz os números e compara com aqueles verificados em 2019, quando não havia a pandemia.

Por um lado, a proporção de crianças que têm acesso a um smartphone, seja próprio ou emprestado de seus responsáveis, não registrou alterações significativas em nenhuma faixa etária ao longo dos últimos 12 meses. Tal como verificado na edição anterior da pesquisa, o acesso se torna mais comum conforme aumenta a idade da criança. Entre aquelas de 0 a 3 anos, 61% utilizam smartphone, seja próprio ou emprestado dos pais, proporção que salta para 87% na faixa de 4 a 6 anos; sobe para 89%, no grupo de 7 a 9 anos; e chega a 95%, entre crianças de 10 a 12 anos, quando 76% já possuem smartphone próprio.

Por outro lado, chama a atenção o aumento da proporção de crianças que usam o smartphone por três horas ou mais por dia, de acordo com estimativa dos seus pais. Na média, essa proporção passou de 34% para 40% em um ano. Entre crianças de 4 a 6 anos, subiu de 21% para 27%. No grupo de 7 a 9 anos, o percentual saltou de 30% para 43%. E na faixa de 10 a 12 anos, de 55% para 58% – se considerados aqueles que usam 4 horas ou mais, a proporção passou de 32% para 37% nesse grupo.

57% dos pais entendem que seus filhos passam mais tempo do que deveriam usando smartphone. Por isso mesmo, muitos estipulam restrições. Na média, 71% determinam algum limite de uso diário do smartphone pelos filhos, proporção que se manteve inalterada em um ano. Nota-se, porém, uma diferença por classe social: pais das classes C, D e E são mais preocupados em estabelecer esses limites (72%) do que aqueles das classes A e B (67%). Também se percebe que a proporção de responsáveis que determinam um limite de tempo varia conforme a idade da criança. A prática é adotada por 76% dos pais de crianças de 0 a 3 anos que acessam smartphone; por 77% daqueles com filhos de 4 a 6 anos; 72%, com crianças de 7 a 9 anos; e 63%, de 10 a 12 anos.

Foram entrevistados 1.982 brasileiros que possuem smartphone e que são responsáveis por crianças de 0 a 12 anos. O relatório pode ser baixado gratuitamente neste link.