Durante uma palestra no MWC19 nesta semana sobre assistentes de voz, o COO da Snips – empresa de software de reconhecimento de voz incorporado e adaptado para produtos, clientes e marca – Yann Lechele, provocou o Google, representado ali na mesa por seu diretor sênior de engenharia do Google Assistente Behshad Behzadi. “Na última década vimos o duopólio entre Google e Amazon na distribuição de assistentes de voz. Se antes tínhamos o HTML, que, de uma certa maneira, trata-se de um protocolo aberto, para pessoas e empresas construírem conteúdo, agora, com a economia de voz, temos apenas dois impérios dominantes”, criticou. Lechele também disse que os assistentes de voz chegaram ao mercado de massa muito rapidamente, graças ao Google Assistente, aplicação embarcada em boa parte dos smartphones Android em todo o mundo.

“Isso gera um problema porque a velocidade desses players é tão grande que cria uma espécie de vórtex, onde marcas e varejistas não têm uma escolha. Eles não têm o equivalente ao HTML da voz. Então, são obrigados a ir para o Google (Home) ou para a Amazon (Alexa) e, eventualmente, alguns poucos sistemas locais. Como um provedor de assistente de voz para marcas, pensamos que elas precisam experimentar players estabelecidos no mercado, mas também precisam ter a estratégia de serem donos da experiência de voz para que possam alcançar seus clientes de uma forma direta. Assim, cria-se um aspecto mais equilibrado.”

Como é o início de uma nova era, ainda não se sabe quais consequências teremos no futuro, com o estabelecimento e a popularização dos assistentes de voz. Para Lechele, ainda não se sabe o que significa fazer uma busca por meio da voz. Para ele, trata-se de uma experiência “radicalmente diferente”. E acrescenta: “O Google dominou as buscas com seu motor de pesquisa. O problema é que, atualmente, se é voz, não temos a mesma paciência, não temos a mesma referência. E isso pode causar um cansaço para o usuário”, completou.

Por sua vez, Behzadi, do Google, comentou: “Quando pensamos no futuro, pensamos que a busca por voz vai crescer cada vez mais, mas muitas buscas não fazem sentido por este meio. Se quero uma longa lista de restaurantes, ouvi-la inteira não é a melhor maneira. Se quero conhecer todos os jogadores de um time de futebol, talvez a busca visual seja a mais apropriada”.

Quando a mediadora da palestra, a head da Mubaloo, Gemma Coles, perguntou a todos por que as pessoas deveriam ter um assistente de voz, os palestrantes foram categóricos na resposta: porque ele facilita nas atividades do dia a dia.

Para o head de consumer bluetooth e áudio da Qualcomm, Chris Havell, com a voz podemos fazer tudo mais rápido e de maneira mais segura: “É muito mais rápido do que digitar aquilo que você precisa. E, por isso, a velocidade da interface é importante. O assistente de voz traz comodidades, por exemplo, em interações com apps. Se estou correndo, e estou com meu smartwatch, terei problemas para ler informações sobre os batimentos cardíacos ou quantos passos dei. Mas posso rapidamente pedir essas informações por comando de voz”, exemplifica.

 

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