A única forma de se combater o SMS pirata é com a instalação de filtros dentro dos sistemas das operadoras brasileiras, de forma a identificar quando ocorrem tentativas atípicas de transmissão de mensagens. As operadoras sabem disso e a discussão levantada nas últimas semanas pelo MEF e repercutida em MOBILE TIME está gerando movimentação no mercado. Das quatro grandes operadoras, a Claro é a única que possui uma solução contra o envio de SMS pirata a partir de rotas internacionais. Este noticiário apurou que a TIM pretende adotar uma ferramenta similar nos próximos meses. Vivo e Oi, por sua vez, estão cientes do problema e também analisam soluções.

A ferramenta funciona de maneira análoga aos sistemas de prevenção a fraude no uso de cartões de crédito. Um alerta soa sempre que há um movimentação que fuja ao padrão. Neste caso pode ser um desbalanceamento de tráfego em uma determinada rota, ou muitas mensagens repetidas, ou muitas mensagens de um mesmo local ou número.

Rota dos EUA

Em uma recente reunião em São Paulo do Gugst, fórum técnico do setor de serviços de valor adicionado em telecomunicações realizado a portas fechadas, foi comentado que os piratas vêm usando a rota Brasil-EUA para envio de suas mensagens. Por ser a rota internacional mais movimentada de conexão ao Brasil, os sistemas antifraude têm mais dificuldade de identificar as movimentações. E qualquer eventual bloqueio precisa ser bem pensado, para evitar equívocos ou danos a quem não está praticando abusivo da rede.

Também no encontro do Gugst foi discutida a questão das "chipeiras", equipamentos em que são instalados vários SIMcards para envio simultâneo de mensagens de texto. Foi levantada a questão que a chipeira, em si, não é a vilã. Ela é utilizada de forma correta, como um PABX, por muitos clientes corporativos. O que está errado é usar as chipeiras para a exploração de um serviço de mensagens corporativas aproveitando-se de promoções de tráfego peer-to-peer (P2P) intrarrede das teles brasileiras. Não é fácil identificar essa utilização abusiva, mas algumas operadoras vêm se esforçando nesse sentido. Paralelamente, o MEF-LatAm (associação que representa companhias do segmento de conteúdo móvel) trabalha para identificar as empresas nacionais que fazem esse uso abusivo e espera levantar provas contra elas ao longo dos próximos 12 meses. Um recente dossiê elaborado pela TWW e distribuído às operadoras lista 14 empresas suspeitas.